quarta-feira, novembro 22, 2006

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Regresso ao Cemitério do Alto de S. João – Outubro de 2006


Solicitei autorização - por escrito - para investigar os arquivos existentes nos serviços administrativos do Cemitério ao Presidente da C.M.L. Após longos meses de telefonemas e mais telefonemas para os diferentes sectores/departamentos da C.M.L. finalmente consegui a desejada autorização.


Início da investigação. Alguns dias antes de me deslocar ao Cemitério do Alto de S. João, em Lisboa, para iniciar a minha investigação no âmbito do meu projecto de Doutoramento, decidi telefonar para o Chefe dos Serviços Administrativos, Sr. Adriano para o informar da minha deslocação e, consequentemente, dos livros que necessitaria de consultar.

O telefonema que efectuei é assaz interessante razão pela qual considero dever regista-lo. Tudo começou desta forma:

Ligo o número, alguém, do outro lado, atende.

- Cemitério do Alto S. João.

- Bom dia, desejo falar com o Senhor Adriano.

- Um momento.

- Está, sim, respondem-me do outro lado da linha.

Bom dia Senhor Adriano, fala Carlos Jorge. Solicitei autorização ao Senhor Presidente da C.M.L. para investigar, no âmbito do meu projecto de doutoramento, um dos jazigos existentes no Cemitério, assim como, tudo o que diga respeito aos corpos nele existentes. Estou a telefonar-lhe para combinar com o senhor a minha deslocação aos arquivos do Cemitério. A carta que recebi, da C.M.L., informa-me que devo combinar com o Senhor a minha deslocação.

- O que é que o senhor pretende? Não me vai levar nenhum dos mortos, pois não?

-Não, não vou levar-lhe nenhum dos mortos. Retirar-lhe-ei alguma informação de que necessito, nada mais.

- Fico mais descansado.

-Pretendo deslocar-me ao cemitério na próxima 6ª feira, dia 13 de Outubro. É possível?

- Sim.

-Sairei do Porto, às sete horas e chegarei a Lisboa às onze horas, onze e trinta. Como já conheço o vosso arquivo, há uns anos estive aí a consultar documentos no âmbito do meu projecto de mestrado, penso que, nesta face, conseguirei fazer o que tenho a fazer até às dezasseis dezassete horas. Pode ser?

- Sim, combinado.

- Então até sexta-feira e muito obrigado.

- Até sexta-feira.

Na sexta-feira sai do Porto às sete horas e trinta minutos. Como sempre foi uma viagem cansativa: três horas e meia com uma paragem de quinze minutos, normalmente em Leiria.

Cheguei a Lisboa apanhei o metro até à Alameda e daqui para telheiras. Sai em Arroios. O percurso, da Praça do Chile até ao Cemitério, foi feito a pé. De facto somente em Lisboa é que ando a pé. O que é um disparate porque necessito de fazer algum exercício para manter algum bem-estar físico e psíquico, que me começa a faltar.

Este percurso, da Praça do Chile ao Alto S. João, foi palmilhado, por mim, centenas de fezes durante a minha adolescência: morava na Rua de Santa Bárbara e estudava na Escola Comercial Patrício Prazeres. Passar por todas aquelas ruas é regressar ao passado e rever tempos (in)felizes da minha adolescência. É bom, muito bom recordar, reviver acontecimentos passados, e pensar que para eles olhamos como se fossemos observadores de nós próprios. Somos um outro que nos observa. Sem julgar, penalizar ou procurar, outra coisa que não seja, observar. Eu, que me observo, pelos caminhos antes percorridos. E que caminhos antes percorridos?!

Já no interior dos serviços administrativos do cemitério dirijo-me ao balcão e informo o funcionário, que se abeira de mim, que desejo falar com o senhor Adriano, chefe dos serviços administrativos.

- Quem anuncio?

- Diga-lhe, por favor, que está aqui o senhor que veio do Porto para consulta de alguns dos livros aqui existentes. Combinamos pelo telefone a minha visita.

- Um momento…

Espero alguns momentos e aparece-me o tal senhor Adriano que me convida a entrar.

- Então o que é que deseja consultar? Pergunta-me.

- Pretendo consultar alguns dos livros existentes e no caso de encontrar alguma informação, que me interesse, fotocopiá-la.

- Nem pensar, fotocopias não! Disse-me.

- Pode consultar o que entender mas não autorizo fotocópias.

- Senhor Adriano, não é da sua responsabilidade autorizar-me ou não tirar fotocópias. Já tenho autorização para consultar, filmar, fotografar e fotocopiar o que quer que seja no âmbito da autorização que me foi concedida. Se o senhor não foi informado aconselho-o a informa-se para que me seja possível realizar a minha investigação. O senhor deverá ter recebido dos serviços da C.M.L. um exemplar da autorização que me foi enviada. Informe-se…

O Senhor Adriano deixou-me e eu iniciei o meu trabalho. Alguns momentos depois aparece-me e diz-me: afinal tenho ali a autorização. Terá que pagar as fotocópias.

- Claro, senhor Adriano. Pagarei!

O Senhor Adriano é um burocrata moderno. Parece ser cumpridor das normas da administração pública, mas não deixou alguns dos tiques que caracterizavam a velha burocracia pública: exigiam subserviência a todos os que a ela se dirigiam. A gestão da coisa pública era feita em nome de um supremo interesse da mesma. E a defesa desse supremo interesse estava armazenada numa velha caixa forte, num canto do sótão empoeirado, existente na cabeça do chefe dos serviços.

Esclarecidas as coisas, o Senhor Adriano, facultou-me tudo o que necessitava para o desenvolvimento do meu trabalho. Uma funcionária da parte da manhã e outro da parte da tarde, tiraram todas as fotocópias que lhes solicitei e colocaram à minha disposição, (todos) os registos que lhes solicitei. Não foram nada simpáticos! Não tinham que ser. Foram eficientes, rápidos e responderam de forma eficaz a tudo o que lhes solicitei.

Paguei as fotocópias que tirei. Tive desconto por ser estudante e recebi uma factura do que paguei.

Agradeci e prometi voltar.

Antes de sair do cemitério decidi visitar alguns dos jazigos que investiguei documentalmente. Os jazigos a visitar estavam em extremos opostos. Andei, andei, localizei um. Procurava outro, e porque estava a ser difícil localiza-lo, solicitei ajuda ao motorista do pequeno autocarro que circula no interior do cemitério. O senhor prontamente me disse: entre vou transporta-lo ao jazigo que procura.

Regresso ao cemitério do Alto de S. João…


6ª feira, dia 13 de Outubro de 2006



Mauel Antonio Botas


Hernâni Saragoça num artigo publicado na revista Novo Burladero (1991, Julho/Agosto, nº 91) escreve, a cerca Manuel António Botas, o seguinte:



“João Sedvem, quando foi empresário da antiga Praça de Sant'Ana, entusiasmou-se um dia, com a extrema precocidade para o toureio que dava mostras um rapazola exímio em várias sortes. Manuel Botas, pois é dele que escrevemos tornou-se um hábil bandarilheiro desfrutando entre os aficionados do seu tempo, de grande popularidade. Durante muitos anos, a sua presença foi indispensável nas arenas, pois dizia-se até que era o bandarilheiro que mais dinheiro cobrava das empresas. Aos 60 anos, precisamente em 1885, Manuel Botas decidiu retirar-se dos redondéis, embora se conservasse integrado no meio tauromáquico, pois para além dos 90 anos ainda dirigia corridas, actividade a que se dedicou no espaço de 30 anos. Era vê-lo, muito elegante a dirigir os espectáculos de sobrecasaca e chapéu alto. O simpático e popular bandarilheiro faleceu em 1 de Fevereiro de 1912, quando contava 97 lúcidas primaveras.”


Assinatura de Manuel António Botas



Registo Paroquial: 24 de Dezembro de 1867



Manuel António Botas foi uma personalidade de referência da sociedade oitocentista Lisboeta/Nacional. Pela escrita de Júlio de Sousa e Costa (1939) - um jovem jornalista, que entrevista Botas em 1896 -, foi possível conhecer o honradíssimo velho Manuel António Botas. Manuel António Botas cantava o fado, tocava guitarra, era bandarilheiro e foi, durante trinta anos, dirigente de corridas. Dirigia, elegantemente de sobrecasaca e chapéu alto, os espectáculos taurinos. Foi um homem do seu tempo: era uma das figuras mais conhecidas da minha boa cidade de Lisboa, escreve Júlio de Sousa e Costa. Ensinava o fado aos jovens fadistas, como refere Pinto Carvalho (1994) e cantava à desgarrada com a Severa, como escreve Marina Tavares Dias. Era o bandarilheiro que mais cobrava das empresas, escreve Hernâni Saragoça. António Manuel Morais refere que a sua última actuação foi na Praça da Boavista em 1885 e que praticou salto à vara de 1854 a 1870.

Projecto de Doutoramento em Sociologia:Relações inter-étnicas, dinâmicas sociais e estratégias identitárias

Projecto de Doutoramento

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ÁREA: Sociologia
ESPECIALIDADE: Relações Interculturais

Orientadora: Professora Doutora Ana Paula Beja Horta – U.A.
Co-orientador: Professor Doutor Fernando Luís Machado – I.S.C.T.E
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Título:

Relações inter-étnicas, dinâmicas sócias eestratégiasi dentitárias
da Comunidade Cigana residente em Portugal - 1825 - 1957

(Título Provisório)



quarta-feira, novembro 15, 2006

Carta ao Presidente da C.M.P.

Exmo. Senhor Presidente
da Câmara Municipal do Porto


A primeira vez que me dirigi, por escrito, ao senhor Presidente foi para lhe solicitar que diligenciasse no sentido de a BPMP me facultasse a leitura do livro “Fado e Tauromaquia no Século XIX” de António Manuel Morais, edição de 2003, que estava registado, sem cota atribuída na B.P.M.P, na Base Nacional de Dados Bibliográficos – PROBASE.


A resposta definitiva à minha solicitação - por parte dos serviços da CMP - nunca me foi dada por escrito. Falei telefonicamente com o senhor Director da Cultura, Dr. Raul Matos Ferreira em 8 de Agosto. Nesta conversa ficou claro que a única possibilidade que me restava era requisitar o livro noutra biblioteca porque a BPMP não o tinha disponível. O Senhor Director informou-me que os serviços da BPMP requisitariam o referido livro à Biblioteca de Coimbra, assim seria mais rápido. Aceitei. No regresso de férias esperei que entrassem em contacto comigo. Nada! Decidi telefonar no dia 26 de Setembro para saber se já tinha o livro à minha disposição. Fui informado pelo Senhor Director que o livro já estava na biblioteca para ser consultado. Agradeci.


Logo que me foi possível desloquei-me à BPMP: surpresa das surpresas o que me foi entregue não foi o livro mas um quantidade de fotocopias do livro. Não solicitei mais nada. As fotos, existentes no livro, que necessitava de consultar não estavam suficientemente perceptíveis para serem analisadas. Fui a Lisboa e resolvi o meu problema.


Este assunto estava definitivamente encerrado!


Mas, acontece que a (des)organização da BPMP me obriga a voltar a escrever-lhe. Hoje dia 14 de Novembro de 2006 voltei à BPMP e, como sempre, levo a minha pasta de plástico transparente com os meus objectos pessoais (óculos, lupa, esferográfica, lápis, caderno, folhas diversas, etc. etc.). A pasta e os objectos pessoais que uso na BPMP, são os mesmo que utilizo na Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional quando aqui me desloco.





Em nenhum destes locais alguma vez me disseram que não podia usar a referida pasta. Acontece que hoje, quando já estava de saída da biblioteca; depois de ter saído da casa de banho, decidi “dar uma vista de olhos” nos livros colocados nas prateleiras da sala contígua à referida casa de banho. Para evitar qualquer mal entendido coloquei a pasta na secretária existente no lado direito da sala. Quando me deslocava para dar uma “vista de olhos” nos livros, o funcionário Pedro, informou-me que não poderia utilizar aquela pasta e que os seus colegas não me deveriam ter deixado entrar com ela. Informei-o que sempre entrei com a pasta na BPMP; nunca ninguém me tinha dito nada; os seus colegas, das salas onde costumo trabalhar, nunca me interpelaram acerca da mesma; utilizo a mesma pasta na TT e na BN. O funcionário Pedro Velho e a sua colega insistiram na impossibilidade de entrar na BPMP com a pasta.


Atendendo a que necessito de voltar à BPMP e à discrepância das atitudes: os que consideram que a pasta é suficientemente transparente para ser utilizada no interior da BPMP e os funcionários, como é o caso do Sr. Pedro Velho e da Senhora Fernanda Rodrigues, que consideram que não, decidi pedir o livro de reclamações para registar os lamentáveis acontecimentos e exigir uma informação objectiva acerca do que se deve usar no interior da biblioteca.


Em vez de me entregar o livro o funcionário pegou no telefone e chamou a Dr.ª. Paula para esclarecer o assunto. A Dr.ª Paula é uma senhora simpática e prestável mas não foi capaz de responder de forma clara e objectiva ao problema que se colocava. Começou por considerar que a pasta era suficientemente transparente para ser usada no interior da biblioteca. O nosso diálogo desenvolveu-se, acabando a Dr.ª Paula por telefonar para alguém (?) que a informou da impossibilidade de utilizar uma pasta que não seja


transparente. Descemos os dois até ao bengaleiro para ouvir a senhora Margarida, funcionária do bengaleiro, dizer que a (minha) pasta não é suficientemente transparente para entrar na BPMP.



A Dr.ª Paula sugeriu que resolvêssemos a questão… Eu considero que existe somente uma forma de resolver estas questões: colocar na porta de entrada da biblioteca o regulamento da mesma onde esteja claro entre outras questões o que se pode transportar para o interior da biblioteca. Não aceito, não é admissível, que as decisões do que é possível levar para o interior da BPMP fique dependente dos critérios de cada um dos funcionários da mesma. Os normativos da BPMP, se existem, devem estar afixados nos locais próprios. Concordo plenamente com a necessidade de desenvolver procedimentos e adoptar condutas que preservem o espólio cultural existente na BPMP; concordo que se reforce a vigilância, se for caso disso; que se organize e melhor o funcionamento da BPMP. Mas, por favor, informem-nos dos procedimentos e das condutas adoptas.


Senhor Presidente,


Este tipo de solicitação é ridículo. De facto os normativos da biblioteca deveriam ser suficientemente claro! Porque é que não são?


Responda, por favor, por escrito, a esta minha reclamação; proíba a utilização dos telemóveis no interior das salas de leitura, sobretudo os dos funcionários que estão constantemente a tocar; desenvolva acções de formação para os funcionários da BPMP; melhor, na medida das suas possibilidades, a preservação dos jornais, revistas, livros e outros documentos importantíssimos existentes na BPMP e exija à senhora Directora da BPMP que afixe os normativos da biblioteca.


Com os meus cumprimentos,


Porto, 14 de Novembro de 2006-11-14



segunda-feira, novembro 13, 2006

CREATIVE COMMONS

A OBRA (CONFORME DEFINIDA EM BAIXO) É DISPONIBILIZADA DE ACORDO COM OS TERMOS DESTA LICENÇA PÚBLICA CREATIVE COMMONS ("LPCC" OU "LICENÇA"). A OBRA ESTÁ PROTEGIDA POR DIREITOS DE AUTOR E/OU POR OUTRA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL. QUALQUER USO DA OBRA QUE NÃO O AUTORIZADO POR ESTA LICENÇA OU NOS TERMOS ADMITIDOS PELA LEGISLAÇÃO DE DIREITOS DE AUTOR É PROIBIDO.
(...)


sexta-feira, outubro 27, 2006

Estado providência

É no Estado providência que se constroem as solidariedades, que se tece o combate contra as desigualdades sociais, que se constrói uma cultura democrática que ajudará a formar cidadãos que acreditem que a democracia e a igualdade política são objectivos desejáveis.

O Estado providência desenvolve e aplica uma serie de programas de politica social e económica, com o objectivo de (re)destribuir a riqueza de forma mais justa e igualitária. Estes programas visam proteger e/ou diminuir a pobreza, proporcionara aos cidadãos em geral um serviços nacional de saúde, uma escola publica de qualidade, um rendimento mínimo garantido para os que nada possuem, entre outras medidas socialmente relevantes.

Classes médias

Politicamente a importância das classes médias nas sociedades capitalistas desenvolvidas foi crucial, pois foi o crescimento das classes médias que permitiu um pacto social pela qual o Estado, as empresas e os trabalhadores pareciam assumir um projecto comum de sociedade em que o Estado Social e o Estado Providencia surgem como modelo teórico desse pacto social.

O estado providência contemporâneo surge no pós-guerra e como consequência do consenso que se construiu entre todas as forças políticas enroupeis. Em Portugal o estado providência é uma realidade com pouco mais de trinta anos.

Estado providencia já não serve?

Todos os que se organizam em torno da ideia de que o estado providencia já não serve, que se tornou demasiado oneroso relativamente a outros modelos não se preocupam com as fugas de capitais, com o não pagamento dos impostos de um número significativo de empresas. Hostilizam o Estado e defendem as praças financeiras offshore ou paraísos fiscais; o não aumento dos impostos para a Banca, os seguros, entre outros. São os mesmos que consideram que o mercado é bom e as intervenções do Estado são más, que exigem desregulamentação das leis do trabalho, liberalização do mercado e da circulação de capitais, privatização das empresas nacionalizadas/públicas: as telecomunicações, os bancos, os seguros, os C.T.T., a Telecom e a Petrogal não podem escapar à lei da procura e da oferta, defendem.

Desregulação, liberalização e privatização é a palavra de ordem da nova central do capital que exige uma espécie de luta de libertação do capital. Mas, os que exigem menos Estado e mais mercado, os principais queixosos dos excessos do Estado social servem-se do mesmo para estabelecer acordos de pré-reforma com os seus trabalhadores, rejuvenescendo o seu pessoal à custa dos contribuintes.

Novos jornaleiros

Os novos jornaleiros, deste século são formados na sua maioria pelos desempregados das classes médias. A precarização do seu trabalho obriga-os a estarem prontos para o que der e vier. Os gestores possuem recursos humanos suficientes e grátis para recorrerem sempre que necessário: todos os dias existem milhares de pessoas que perdem o seu posto de trabalho; todos os dias os saberes profissionais são desqualificados.

Antigamente a construção de uma empresa industrial comprometia-se e assegurava localmente, por um período de décadas, os posto de trabalho de milhares de trabalhadores. Hoje, o Estado oferece terrenos, isenção de impostos, um conjunto indeterminável de benefícios para a instalação de grandes empresas multinacionais na esperança de estas criarem novos postos de trabalho, desenvolverem a economia dos país, trazerem novas competências tecnológicas aos trabalhadores portugueses. Mas, estas empresas comprometem-se (somente) com a criação de algumas centenas de postos de trabalhos e deslocalizam-se antes, dos compromissos assumidos com o Estado, terem sido satisfeitos. A transformação técnica desqualificou os saberes profissionais, precarizou-o e tornou-o mais supérfluo.


A mundialização/globalização pode-se tornar uma armadilha para a democracia?!

As classes médias pagarão a crise ou engrossarão o grupo de cidadãos excedentários e inúteis?

quinta-feira, outubro 19, 2006

Que importância assume a prestação do serviço militar na vida (durante a 1ª Grande Guerra) de António Maia?

(ver vídeo da 1ª G.G.)

A sua participação na Grande Guerra abre-lhe novas possibilidades relacionais. As janelas abrem-se, ainda mais com a sua ida para França, toma contacto com outra realidade sócio-cultural, apercebe-se que existem outros mundos. Convive de perto, muito perto, com a realidade devastadora de guerra, dará outro significado à existência humana, compreenderá diferenças, crescerá como pessoa, os seus horizontes alargam-se, as suas novas amizades foram tecidas em situações em que a solidariedade é a arma mais eficaz, mais necessária, os seus amigos são agora muitos mais. A Guerra é devastadora, perversa e bárbara mas, para os que sobrevivem, contém ensinamentos que disciplinam e educam. A experiência da guerra evidencia muitas das incompletudes, de que o ser humano é feito, porque ele é o portal de inexplicáveis desmandos.

Porque não existem experiências cegas desprovidas de sentido António Maia, entrou na tenda dos desmandos e escutou-lhe os sentidos. A guerra provoca: o sentimento de angústia, faz relembrar a existência do indivíduo no mundo entendida num contínuo risco de definhamento; o sentimento de medo que debilita o indivíduo, deixando-o abandonado e sem amparo; o sentimento de solidariedade que emerge da radicalização de todos os outros sentimentos e da consequente necessidade de entreajuda; o sentimento de coragem que se expressa na necessidade de o indivíduo compreender a realidade em que está emerso e aprender a lidar com ela. A guerra alojou os indivíduos nestes sentimentos, com eles guerreavam e, ao guerrearem, transformavam-se.


António Maia estava na sua primeira estação de vida, a sua permanência aqui dilatou-se mais do que seria desejado, a demora foi duradoura, razão pela qual, não passou de uma estação para outra, como seria normal, saltou-as. De tal forma isto aconteceu, que andou por mares nunca antes navegados, descobriu caminhos nunca percorridos, e fez parte da experiência do futuro.


António Maia torna-se um homem de respeito não só para sua família, para a generalidade das comunidades ciganas, como igualmente, para a generalidade da sociedade portuguesa.








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domingo, outubro 15, 2006

Educação e ensino: o (des)investimento nos professores

A Globalização


Os economistas e os políticos constroem explicações para o aumento do desemprego e para as diversas crises que a sociedade Portuguesa vive nos domínios da educação, saúde e justiça, convergindo, todas as explicações, numa única direcção: mundialização/globalização. As altas tecnologias da informação/comunicação, a livre circulação de mercadorias, o comércio livre ilimitado tendem a transformar o mundo inteiro num único mercado. Estes factos criam uma concorrência mundial nunca antes vista, com consequência para no mercado de trabalho, dizem. Legitimasse a procura, fora dos mercados nacionais, de mão-de-obra mais barata. Isto é, as novas empresas globalizadas procuram adaptara-se à nova realidade, pagando salários mais baixos.


Os sacrifícios exigidos


São necessários mais sacrifícios para estarmos preparados para enfrentar as novas exigências da globalização, dizem. Os empresários e os políticos portugueses, neste aspecto, não diferem muito dos seus parceiros europeus: pensam localmente as necessidades da sociedade globalizada e repetem, sem grandes mudanças nos discursos: é necessário que os cidadãos façam mais sacrifícios, sobretudo aqueles que gozam de grandes privilégios conquistaram nos pós – 25 de Abril, como é o caso dos professores, dos juízes e dos médicos. Os professores portugueses trabalham menos que os seus colegas europeus, gozam demasiadas baixas por doença, tem dos mais altos salários da Europa comunitária, etc., etc., etc. As políticas públicas, em todos os domínios da sua intervenção, necessitam e apoiam-se em informações estatísticas que as próprias instituições produzem para avaliar e divulgar os seus desempenhos, assim como, corrigir/alterar procedimentos.


As estatísticas


A estatística é uma actividade desenvolvida por organismos/instituições cada vez mais especializadas, constituídas no seio do aparelho de Estado, envolvendo a produção de normas de classificação e ordenamento que permitem a comparabilidade das informações e uma certa estabilidade no tempo, e de técnicas e metodologias de trabalho que permitem a produção de cifras cada vez mais precisas em relação à realidade que se pretende mensurar. Credibilidade e legitimidade passaram a ser características fundamentais a serem perseguidas, tanto pelas estatísticas como pelas agências que as produzem, sob pena de, ausentes tais atributos, umas e outras perderem completamente o sentido e a própria razão de serem. A competência técnica e (a dita) isenção constituem objectivos permanentes para esse tipo de entidade. As Estatística permitem obter um quadro mais objectivo (nunca totalmente objectivo!), porque traduzido em números (e não em relatos textuais), dos factos ocorridos em determinados domínios. As estatísticas não são neutras. Não são uma leitura objectiva e fiável das realidades que se propõe estudar. Podem igualmente ser instrumentalizadas em proveito do desenvolvimento de determinadas políticas, permitirem, por isso, ter leituras múltiplas, por vezes contraditórias. As estatísticas, em toda a sua complexidade, tentam reunidas as intencionalidades próprias de quem as interpreta. Convoco as estatísticas do Eurostat (2002) para precisar melhor as políticas que elas servem: Portugal diminuiu ligeiramente a despesa pública em educação em 2002, face aos dados de 2001, em percentagem do PIB, tendo, no entanto, ainda níveis de despesa relativamente elevados quando comparados com outros países europeus. Portugal é dos países com menor número de alunos por professor, sendo a média dos países da OCDE de 16,6 para o primeiro ciclo e 14,4 para o segundo, terceiro ciclo e secundário, enquanto que Portugal tem 11 e 9,3 respectivamente. Portugal apresenta os valores mais elevados de taxa de abandono escolar precoce da Europa, embora aquela taxa tenha vindo a registar uma diminuição. Verifica-se que apesar de ter havido um aumento na percentagem da população com pelo menos 12 anos de escolaridade, os níveis em Portugal continuam mais baixos que no resto dos países da Europa. Em 2003 a percentagem de população portuguesa que fez formação atingiu os 3,7%. De acordo com a tendência quase geral no resto dos países, os diplomados em ciências e tecnologia em Portugal têm vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. Portugal contínua, no entanto, a apresentar um dos valores mais baixos da Europa. Portugal tem o nível mais baixo de produtividade do trabalho da UEI5, em termos reais, não registando convergência desde 1999.

Os saberes especializados

Poderia continuar a citar uma quantidade infindável de números que ajudam a situar Portugal na paisagem europeia, mas tal não é necessário. O que nos interessa, para esta analise, é que existe um oceano de numero que são produzidos pelos organismos internacionais/nacionais/públicos/privados e instrumentalizados pelos fazedores de opinião no sentido de justificar a necessidade de sacrifícios, nomeadamente para professores portugueses. Um coro, que funciona em uníssono, onde se encontram lado a lado economistas, políticos da esquerda à direita, alguns sindicalistas, peritos disto, daquilo e daqueloutro, ministros apoiados pelos seus auxiliares na imprensa e na televisão. Quem são os responsáveis pelos actual estado do ensino e da educação em Portugal? As sucessivas políticas educativas implementadas, desde o 25 de Abril, pelo P.S./P.S.D e pelos seus sucessivos ministros da educação? As Medidas económicas, financeiras e sociais dos sucessivos governos do P.S. e P.S.D.? O circo está instalado, os artistas encontrados, os palhaços ridicularizados. Para os (alguns) responsáveis políticos, para o P.S, o P.S. e o C.D.S., para os construtores de opiniões com dependências laborais dos grandes grupos de comunicação social - como são a o caso do Expresso, Jornal Público, a SIC, a TVI, entre outros - os grandes responsáveis pelo estado da educação e do ensino em Portugal são os professores!


Metamorfoses: os culpados


A tendência actual é culpabilizar os professores pelos fracassos e pelas dificuldades encontradas nas escolas, deslocando o foco das críticas dos alunos e dos pais para os professores. As estatísticas referem os professores que se afastam do seu trabalho por motivos de saúde? Referem quantos destes sofrem do Síndrome de Burnout?[1] Ao longo da história as pesquisas realizadas acerca do fracasso/ insucesso escolar dos alunos estiveram em princípio marcadas por um discurso biológico em que as causas do insucesso estavam relacionadas a factores genéticos, raciais ou hereditários dos indivíduos. Foi por volta dos anos 70 que essas teorias passaram a ser questionadas e um novo discurso foi construído: as explicações passaram a incidir na proveniência cultural dos alunos, dando origem as teorias da carência cultural. Estas falsas ideias acerca do insucesso escolar, da desvalorização e os preconceitos em relação aos filhos das classes trabalhadora eram quase sempre legitimadas pelos discursos científicos. As famílias acabavam por assumir a culpa pela sua exclusão, isentando as políticas educativas, a forma como a escola se organiza, a cultura organizacional da escola das suas responsabilidades sociais e educativas. As famílias culpabilizavam-se pelo insucesso dos seus filhos!


Os contextos escolares: as dificuldades


Nos nossos dias algumas professoras e alguns professores manifestam dificuldades em determinados contextos escolares para “controlar” e conquistar o interesse dos seus alunos assim como para manter a disciplina na sala de aula. Recentemente uma televisão utilizou uma câmara oculta para filmar situações de grande indisciplina e violência no interior de uma sala de aula. A professora assistia aos actos de violência que os alunos praticavam entre si. O assunto foi sensação nos órgãos de comunicação social. São, por vezes, referenciadas nos órgãos de comunicação social algumas das muitas situações de violência de que os professores são quotidianamente vitimas. Os professores e (mais) as professoras manifestam sentimentos de impotência frente às adversidades encontradas no dia-a-dia escolar e o desgaste psíquico e físico dele decorrente. Os professores apresentam uma visão crítica das mudanças ocorridas no sistema educacional, mas esta parece referir-se muito mais a uma perda do controlo e de poder que antes possuíam do que propriamente a uma preocupação com as politicas educacionais de uma forma geral e/ou a melhoria da qualidade do ensino. As políticas educativas dos sucessivos governos tendem através de dados estatísticos nacionais e internacionais, de estudos de especialistas altamente especializados em especialidades especiais, de investigações rigorosamente cientificas a culpabilizar os professores pelo actual estado da educação em Portugal e pretendem que os professores se culpabilizem pelo actual estado em que se encontra a educação, da mesma forma que as famílias dos trabalhadores se culpabilizavam pelo insucesso dos seus filhos.


As politicas Educativas: O E.C.D.


As actuais políticas educativas tendem a centralizar as necessárias reformas do ensino em torno de mudanças que afectam fundamentalmente os professores portugueses. Como refere a Frenprof, propõem: - A criação de categorias hierarquizadas, com conteúdos funcionais distintos, que impediriam o acesso ao topo da carreira de cerca de 80% dos professores e educadores. - Um modelo de avaliação do desempenho, que estabelece quotas e assenta em parâmetros inaceitáveis como os relativos às taxas de abandono e insucesso escolar ou a apreciação dos pais sobre a actividade lectiva dos docentes. - A violação de direitos fundamentais, tais como o de maternidade e paternidade, a protecção na doença ou a liberdade de exercício de actividade sindical, entre outros. - A não consideração do tempo de serviço, designadamente o prestado na actual carreira (no escalão que, para o professor, vier a ser o de transição), bem como o prestado no ensino particular e cooperativo ou sob o regime de contratação em escolas públicas. - O efectivo aumento dos horários de trabalho e a tentativa de transferir actividades e responsabilidades atinentes à componente lectiva para a não lectiva. - As exigências para ingressar na profissão, designadamente os termos em que é previsto o período probatório. - A generalização da contratação directa de docentes pelas escolas, bem como a revogação dos contratos administrativos e a sua substituição por contratos individuais de trabalho. - A inexistência de quaisquer consequências positivas na carreira provindas da obtenção de graus académicos superiores (licenciaturas, mestrados e doutoramentos) pelos docentes ou de outras formações acrescidas e pós-graduações.


As necessidades de mudanças: a importância dos professores


O nosso sistema educativo necessita, exige grandes transformações. É necessário realizar transformações vertiginosas que exigem inovações educativas de similar envergadura. Os professores são os que reúnem melhores condições para construir as necessárias respostas para os problemas educativos. Ignorá-los e/ou Hostilizá-los, enfraquecer a sua capacidade de acção, não investir na sua formação contínua, inibir as suas competências para enfrentar os desafios que a globalização comporta como é o caso da invasão de uma cultura de massas que tende a descaracterizar ou a fazer desaparecer as identidades locais não contribui para construção de uma sociedade moderna, solidária e democrática. O uso massificado de novas tecnologias impõem, quer se queira ou não, novas formas de pensamento e a emergência de novos valores que transmutam as nossas identidades. A coabitação de múltiplas culturas nos diferentes contextos escolares fazem emergir perigos inerentes à convivência humana: a formação de estereótipos, representações dos outros que podem conduzir a intolerância, a xenofobia, ao racismo, assim como, a descriminação por razões sociais, étnicas, culturais, sexuais, religiosas, entre outras. A pobreza e a exclusão social que divide os (nosso) alunos em categorias sociais cada vez mais distantes entre si, é uma realidade que não pode ser ignorada. A manifesta incapacidade de em muitas escolas trabalhar com os bons alunos no sentido de estes se tornarem excelentes e, em simultâneo, trabalhar com os que manifestam dificuldades de aprendizagem para que estes consigam atingir os objectivos desejados obriga-nos a reflectir acerca das práticas docentes. A iliteracia e a unumeracia são uma realidade na sociedade portuguesa que exigem medidas capazes de as combater. Os grandes desafios com que estamos confrontados exigem a contribuição dedicada dos professores É necessário ganhar os professores para os desafios que se avizinham e não hostilizá-los como fazem os actuais responsáveis políticos. [1] (O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de stresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.)


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terça-feira, outubro 03, 2006

Al Biruni





Poucos séculos na história da humanidade podem se orgulhar do nascimento de um desses raros espíritos voltados poderosamente pa­ra o universalismo, que abordam com igual dedicação todas as disci­plinas do saber praticadas no seu tempo e abrem caminhos novos para territórios ainda desconhecidos. Al-Biruni, um dos grandes sá­bios do mundo islâmico, nascido há 1 000 anos, foi um desses espíritos raros.




Astrónomo, matemático, físico, geógrafo, historiador, linguista, far­macólogo, além de filósofo e poeta, Al-Biruni trabalhador prodigio­so apesar dos contratempos sofridos na sua vida - prestou uma contribuição excepcional ao progresso intelectual da humanidade. Espírito científico na acepção moderna da palavra, ele soube analisar, transmitir, ampliar, e mais ainda, integrar todo o conhecimento ela­borado por seus predecessores e por seus contemporâneos, tanto do mundo mediterrâneo como do mundo indo-iraniano. Foi tão grande a sua contribuição que hoje alguns comentaristas o colocam acima do grande Avicena.



Abu I-Rayhan Muhammad ibr Ahmad al-Biruni não foi apenas um grande sábio da Ásia Central, um homem de espírito enciclopédico. As suas obras marca­ram uma etapa na história do pensamento humano, etapa cuja importância cresce, à medida que novas obras vão sendo descobertas. Quando, há uma centena de anos, a sua Cronologia das Nações Antiga foi publicada em russo, Al-Biruni foi recebido apenas como um dos mais interessantes historiadores medievais. Mas com a descoberta e o estudo das suas obras - sobre matemática, geografia astronomia – o seu prestígio foi crescendo a ponto de empanar o brilho de muitos seus contemporâneos.


Foi no século XIX que a Europa descobriu Al-Biruni. Desde então os estudiosos têm verificado que ele estava tão à frente do seu tempo que suas observações arrojadas são às vezes incompreensíveis para muitos eruditos.


Inventor de uma fórmula de impressio­nante simplicidade para calcular a circun­ferência da Terra, ele lançou também a hipótese do movimento da Terra em volta do Sol e formulou a ideia da alternância cíclica das eras geológicas. “Com o pas­sar do tempo o mar será terra e a terra sucederá ao mar”- foi nessa intuição genial que ele baseou sua teoria da for­mação geológica da Terra.


Como não indagar sobre as condições nas quais Al-Biruni pôde dominar de tão alto a sua época e realizar uma obra que fez de seu nome, pelo menos no Oriente, o símbolo do século XI?


O Estado de Corásmia há muito já se orgulhava de possuir uma civilização avançada. Com seus palácios imponentes, suas mesquitas ricamente decoradas, seus inúmeros colégios religiosos (madraças), as cidades gozavam de uma prospe­ridade que progredia ao lado de um res­peito profundo pelas ciências.


Nos séculos X e XI o califado árabe desmantela-se. E sobre suas ruínas se edifi­carão novos Estados que darão à Ásia Cen­tral uma plêiade de grandes pensadores, entre os quais Abu Nasr al-Farabi e Avicena.


É nessa região privilegiada, e mais pre­cisamente em um subúrbio de Kath, capi­tal da Corásmia, que nasce Al-Biruni a 4 de Setembro de 973. “Ignoro a minha ge­nealogia. Não sei quem foi meu avô. Co­mo poderia saber, se nem sei quem foi meu pai?”, dizem uns versos escritos por ele primeiro preceptor do futuro sábio foi um grego que o destino o fez conhecer na infância. Esse homem instruído encarre­gou Al-Biruni de lhe levar plantas, semen­tes e frutos - e assim nasceu sua voca­ção para o estudo da natureza. “A maior parte dos meus dias passou-se sob o signo dos benefícios e das distin­ções cujos degraus eu não parava de su­bir. A família dos Iraque me nutria com o seu leite, enquanto Mansur me educava.” É assim que Al-Biruni fala da etapa seguinte de sua vida. Com efeito, a história guar­dou o nome de um mecenas pertencente à dinastia local, Abu Nasr Mansur ibn-Ali ibn-Iraq, que iniciou Al-Biruni na geome­tria de Euclides e na astronomia de Pto­lomeu.


O nosso sábio em perspectiva já tinha um pé no portal de uma carreira de astrónomo. Ele estudou as estrelas e os mine­rais para penetrar nos segredos do céu e da Terra, e leu milhares de livros para compreender as engrenagens da história. O primeiro mapa-múndi feito na Ásia Cen­tral saiu de suas mãos, mas ele não foi menos hábil na arte da poesia.


Al-Biruni viveu a atmosfera febril dos últimos anos do poderio dos samânidas e foi testemunha da ascensão e da deca­dência dos impérios Qarakanida e Ghaz­navide. Em muitas passagens dos seus livros percebe-se o eco dos conflitos so­ciais, das guerras dinásticas e das incur­sões bárbaras. Assim como as ciências não podem ficar à margem de sua época, muito menos pode a história. Foram tal­vez os estremecimentos políticos de Co­rásmia que, incitando Al-Biruni a buscar no passado a explicação das vicissitudes de seu tempo, deram-lhe a ideia da sua primeira grande obra.


Al-Biruni tinha 27 anos quando termi­nou a Cronologia das Nações Antigas. “O meu objectivo neste livro - escreveu ele naquele fim do século X - é determinar da maneira mais segura a duração das diferentes eras da humanidade.” E ele co­meça a sua pesquisa nas origens, desde a criação do homem até o dilúvio; depois passa a referir todos os factos então conhecidos sobre a época de Nabucodo­nosor e de Alexandre da Macedónia.


Na Cronologia o leitor curioso inicia-se nas subtilezas dos calendários árabe, gre­go, persa etc. A crónica dos soberanos, dos heróis e dos acontecimentos políticos se mistura com descrições da civilização e dos costumes. Como se vê, trata-se de um trabalho semi-histórico e semi-etno­gráfico, que conserva o seu valor ainda hoje.


(…)


Com este número especial, O Correio da Unesco (Agosto 1974) pretende dar a seus leitores um perfil aproximado desse grande humanista que foi Al-Biruni.

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Trabalho Projecto



Trabalho Projecto


          O projecto presume um risco que é inerente ao próprio projecto que se alimenta através de uma visão antecipatória, mas também da utopia designadamente quando organizada como estratégia global de uma acção com objectivos definidos.




     O projecto educativo compreende o desenvolvimento de acções de afinamento e capacidade e engenho de acomodação aos contextos e intervenientes: “o projecto não deve arrogar-se o direito de dirigir a totalidade das acções dos seus parceiros não devemos concebê-lo na forma de alienação de cada um em prol do bem de todos, o que vai contra o indivíduo entidade” (Broch, 1992, p., 143-1,63), deverá distinguir e valorizar a multiplicidade de métodos e técnicas, bem como os processos de trabalho que suporta. O projecto educativo é organizar e coordenar, planificar, prever, mas também admitir as interacções, a casualidade, o encoberto e o não esperado, tudo isto num “duplo registo: como um processo e como um produto de uma planificação destinada a orientar a organização o funcionamento de ensino tendo em vista a obtenção de determinados resultados” (Barroso, 1992 pp., 29). É essencial uma constante adaptação pedagógica às finalidades e contextos da acção educativa, isto é, um ajustamento: aos contextos curriculares gerais; à comunidade escolar e social; às disciplinas e nível de ensino; aos programas; aos alunos, grupos e turmas; às condições de trabalho; ao modo de ser do professor e sua experiência.




            O projecto é configurador de um modelo de intencionalidade consubstanciado em “objectivos que sirvam de guia à acção, que permitem orientar o conjunto das funções” (Broch, 1992 ) quer isto significar que se organizará com antecedência uma solução estruturada de um problema cuja a decifração ainda não foi elaborada nem é conhecida a respectiva solução. O acto de projectar é um acto cultural, “porque assenta em princípios valores e políticas que se aplicam na acção educativa e pedagógica com os alunos” (Barroso, 1992, pp., 38). O projecto é um desejo de acção que corresponde a um impulso de mudança, a uma vontade, (várias vontades) de fazer qualquer coisa para inovar, ou simplesmente para resolver problemas, enfrentar situações não desejadas, desenvolvendo adesões mais afectivas do que racionais. Mas o que interessa referenciar é o carácter “sedutor da ideia ou a intenção fundadora do projecto e a atracção pelo movimento que a dinâmica do próprio projecto imprime”, (Barroso, 1992, pp., 29) outras vezes o projecto corresponde a necessidades que são diferentes do simples acto de “fazer qualquer coisa” toma-se um desafio do presente para com vista ao futuro, então, o projecto corresponde a uma necessidade de construir algo de coerente de eficaz e pragmático com diz Barroso.




            Não é fruto da bricolage mas do imaginário de todos e cada um de nós, é resultado da internalização de imagens sedutoras, fortes e mobilizadoras de vontades que se estruturaram e fortalecem na acção renovadora da escola.




            Considero que o projecto, o projecto educativo é conveniente à criança tal como a “planta que cresce e que necessita de um meio favorável e estimulante” (Claparede). É importante que a escola em resultado do seu projecto seja: harmoniosa e coerente com essência e que dê hegemonia à expressão global e criadora em desfavor de aprendizagens incipientes e fragmentárias; uma escola que não considere a sala de aula como único lugar de culto do saber; que não seja somente um guardião do passado, nem um refugio do presente; que forneça instrumentos que ajudem a formar a percepção do presente; que ajude a edificar um novo equilíbrio, conseguido através de um mundo mais afectivo que subsidie e ajude a fruir o tempo de cada coisa; onde o que acontece seja conversado, analisado, discutido e integrado na pedagogia do quotidiano; finalmente que o projecto de escola prepare para a cidadania e solidariedade social.


            Projecto educativo determina alterações qualitativas na escola, com refere Barroso: recupera uma nova legitimidade para a escola pública, participa na definição de uma políptica educativa, globaliza a acção educativa, racionaliza a gestão de recursos, mobiliza e federa esforços, passa do eu ao nós. O projecto é uma caminhada longa, nem sempre fácil, por uma estrada que pode ter diferentes e diversos caminhos para chegar ao seu destino.


Broch, M.H. e Cros, F. (1992) O Projecto de Escola Prisioneiro dos Métodos? Os paradigmas metodológicos ligados ao projecto de Escola in Canário R. (org.) Inovação e Projectos Educativos de Escola, Lisboa, Ed Educa. pp. 143-163


Barroso, J. (1992) Fazer da Escola um Projecto in Canário, R. (1992) Inovação e Projecto Educativo de Escola, Lisboa, Ed. pp. 28-56



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sábado, setembro 02, 2006

1939: Programa nazista da eutanásia | Calendário Histórico | Deutsche Welle | 31.08.2006

 

Link to 1939: Programa nazista da eutanásia | Calendário Histórico | Deutsche Welle | 31.08.2006

 

A 'solução final' nos campos de concentração nazistas

No dia 1º de setembro de 1939, foi criado o programa da eutanásia pelos nazistas. A "morte misericordiosa" visava a eliminação de doentes incuráveis, idosos senis, deficientes físicos e doentes mentais.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Europa Central: Viena, Budapeste, Praga e Berlin

 

Regresso de férias...

 

 

Viena Budapeste Praga - Berlim

 

 

      S i m p l i cidades

 

Excentri .........Cidades

 

        M u l ti cicidades

 

 C u m p l i c icidades

 

 

Cidades: percursos telegráficos.

A cidade emerge no espaço e no tempo como um lugar possuidor de géneros de vida não rural. Esta distinção socioprofissional não obnubila a sua principal característica: a paisagem. Fica num sítio determinado na sua relação com a topografia do solo. Mas, a origem da cidade é historicamente assegurada por uma pluralidade de razões: a) as que construíram as suas primeiras casas em torno de um mosteiro ou outro edifício de carácter religioso; b) as que tiveram origem ligadas a existência de um universidade; c) mas, as mais significativas foram as que se desenvolveram em torno de edifícios com funções militares. As guarnições de muitos castelos fronteiriços depressa desenvolveram aglomerações que asseguravam a sua defesa e muitas bases militares contribuem, pelo seu valor estratégico, para a aparição de novas cidades; d) centros administrativos ou de turismo criaram florescentes cidades; e) os mercados, as feiras, o comércio que se desenvolvia junto do mar e/ou junto de vias de comunicação importantes muito contribuíram para o aparecimento das cidades; f) outras cidades nasceram em volta de grandes fábricas.

Na Grécia a polis é constituída pela praça pública com os seus templos. Na cidade Grega habitam o poder legislativo, jurisdicional e administrativo. A urbs Romana designa uma zona determinada em oposição ao campo; as civitas uma comunidade populacional constituída em torno de várias classes sociais de cidadãos. Na Idade Média com o triunfo do cristianismo as cidades tornam-se verdadeiros centros de administração eclesiástica, assim como, centros de acção politica e de prestigio cultural. Na Idade Moderna o renascentismo transforma as cidades em verdadeiros centros políticos, como veio a verificar-se na Revolução Francesa e melhora, entre outras coisas, as condições de higiene. Na Idade contemporânea a revolução industrial transformou a cidade num grande centro de produção industrial. Com a R.I. rebentam os movimentos divergentes e organizados de opinião. A revolução (Industrial) social anunciada cria um novo tipo de pessoas e faz emergir novos estilos de vida que buscam as novidades, o recreio e a informação. Constrói novos meios de organização social. Os antagonismos sociais tornam-se mais perceptíveis, as cidades permanentemente se metamorfoseiam e as lutas sociais são um produto do capitalismo industrial. As cidades, como a modernidade, apresentam e representam simbolicamente desafios que se manifestam nas (in)certezas, nos desafios e nas possibilidades de desenvolvimento de projectos políticos e sociais que exigem permanente negociação sem que se conheça o seu desfecho. A cidade é expressão do local e do global. Aqui, o convívio multiétnico de culturas, desenvolve desafios múltiplos quem exigem novas competências relacionais capazes de interagir com os diferentes capitais culturais, étnicos, religiosos e de classe originários.

Espaço turístico

As cidades contemporâneas, são resultados de diferentes influências históricas, sociais, políticas e étnicas, entre outras, que a sua identidade engendrou. Mas, a percepção que se constrói da identidade da cidade é de uma forma geral romântica e assente numa autenticidade construída pelas indústrias culturais. A representação romântica da autenticidade é fruto da construção cultural do espaço turístico.

 

Transitando por caminhos já percorridos

Viena de Áustria. Iniciei a minha viagem percorrendo a Ringstrasse com os seus maravilhosos monumentos: a Opera, os museus de Belas artes e Ciências Naturais, o monumento de Maria Teresa, o palácio Belvedere, Parlamento, Teatro Nacional e Palácio Imperial Hofberg.

 

Aspecto relevante desta minha visita a Viena, foi ter assistido a um concerto de música clássica num dos muitos palacetes existentes em Viena e jantado numa taberna típica em Grinzing e ter comido algumas das suas célebres salsichas recheadas com queijo. Não menos relevante foi percorrer o palácio onde residiu Imperatriz Elisabeth da Áustria, que no cinema foi representada pela, também jovem, actriz Romy Schneider no filme: Sissi, A Impreratriz; ter passado junto da residência de Sigmund Freud; estar na sala onde um dia terá tocado Wolfgang Amadeus Mozart e, por estranho que pareça, ouvir no interior do autocarro que me transportou, pela cidade, a musica de Mozart. Viena é outro mundo, mundo (muito) diferente do mundo onde vivo e habito. Experiencia interessante e inolvidável a que experimentei em Viena de Áustria.

quarta-feira, agosto 09, 2006

O CODEX 632

Photobucket - Video and Image Hosting Férias! Sim, estou de férias!

Duas saborosas semanas passadas em terras dos Algarves. Vida feita de leituras, praia e de…


Na televisão (re)encontrei José Rodrigues dos Santos (ZRS): do Líbano envia-nos notícias de uma guerra que teima em persistir… com a sua presença em diferentes palcos de guerra emergem, ainda mais, as suas qualidades de jornalista; as notícias que nos envia, dos diferentes cenários de guerra, tornam-no (re)conhecido e fazem emergir qualidades antes desconhecidas. A guerra transforma-o e transforma-nos…


Estive com o ZRS neste pedaço de tempo das minhas férias! Ou foi ele que esteve comigo?! Deu-se a conhecer! Gostei dele.


Nomina sunt odiosa (os nomes são inoportunos), diz o ZRS.


Zé…


Onomástica, segundo a enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura “é um ramo da linguística que abrange a antroponímia (estudo dos nomes de pessoas), a toponímia (estudo de nomes de lugares) e ainda um grupo variado para o qual Leite de Vasconcelos propôs a designação de polionímia, que engloba todos os outros nomes que não entram nestas duas subdivisões, como sejam os nomes de animais, astros, ventos, barcos, etc.” . Se os nomes são uma invenção discursiva, são igualmente uma produção cultural, um parto comunitário e são, por isso, uma fonte histórica. Se servem para nominação, servem igualmente para relacionar os objectos denominados com os seus contextos socioculturais e políticos, ao mesmo tempo conferem-lhes um espaço no mundo das coisas e da sociedade. A nominação facilita a organização do discurso social num determinado contexto cultural e comunitário, fazendo, por isso, parte das mentalidades, das ideologias, das modas, dos afectos e dos desejos e das opções religiosas, entre outros aspectos, dessas mesmas comunidades. Os nomes trespassam os afectos, comportamentos e expectativas que resultam, muitas vezes, de tensões entre quem tem a possibilidade de denominar, como são o caso, dos pais, dos padrinhos ou outros familiares.


Photobucket - Video and Image Hosting O Livro “O CODEX 632” da autoria do ZRS foi lido por mim no início destas férias. Li-o em dois dias. Não sei em quantas horas. Sei que o devorei com prazer, entusiasmo, apreensão, suspense e com grade admiração.


O livro do ZRS está povoado de nomes com identidades próprias num universo de relações (inter)culturais interessantes. Cada nome transporta tensões, conflitos, diferenças, “(a)normalidades”, “desvios”, “(a)moralidades” que fazem das pessoas que a eles pertencem (as pessoas pertencem aos nomes e não os nomes às pessoas?!) seres dissemelhantes dos demais.


Este livro não é somente a História/estória interessante e interessada de Cristóvão Colombo, alias Cristóvão Colom, aliás Cristobal Colón mas, igualmente, as narrativas de muitas outras Histórias/estórias de vida que se disseminam no trabalho de investigação do professor Tomás que se preocupa em dar continuidade às investigações iniciadas pelo professor Toscano. O professor Toscano morre misteriosamente em Ipanema, no Brasil, depois de ter bebido uma deliciosa e refrescante bebida.


Este livro é muitíssimo interessante: pela forma como o seu autor narra o processo de investigação desenvolvido pelo Professor Tomás; é-o igualmente, entre muitas outras razões, pelas histórias/estórias que vai contado acerca dos contextos económico/social/político/cultural/intelectual em que está envolvido o próprio investigador…


O livro: a globalização do comércio mundial; as políticas oficiais de sigilo dos governos de Portugal e Castela; o Tratado de Tordesilhas e a ciência; as perseguições étnicas; Cuba (de Fidel) e a vila de Cuba no Alentejo; a cabala e os enigmas que oculta, a pedra de Roseta, os hieróglifos, a paleografia, o criptanalista, o anagrama e os semagramas; a linguagem das flores e a infidelidade; a educação, a gestão e administração escolar e a Margarida com trissomia 21; a Constança, sua mulher, e Lena, sua amante; a American History Foundation e toda a teia de r(a)elações incluídas num interessante livro escrito por ZRS …


É obrigatório ler este livro!




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sexta-feira, julho 14, 2006

Cafés e Botequins Lisboetas do Séc. XIX: Classes Sociais

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Os cafés eram espaços de sociabilidade construtores de hierarquias e visões do mundo. Ponto de encontro de amigos. Local da “cavaqueira”. Os cafés e botequins eram frequentados por letrados, sabichões, janotas, toureiros, valentões, pategos, entre outros. São um contributo importante para compreender a vida mundana da sociedade oitocentista Lisboeta.
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Desigualdades Sociais na sociedade Oitocentista Lisboeta

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Almanach Ilustrado D "O Século" ano de 1889

Regulo Gungunhana

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Notícia publicada no Almanach Ilustrado do " O Século” ano de 1889

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Associações de Classe dos Toureiros

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Manuel António Botas

Associações de Classe dos Toureiros: a importância do jornalismo na sua constituição











Jornal “A trincheira





Ano: 1910 – Lisboa

(…) O artista de toiros inutiliza-se, via de regra, muito cedo.

São porém tão largos os seus proventos que possam acumular capitais para a velhice? Manifestamente não. O artista trabalha quatro meses e tem de viver doze. Necessita portanto que os seus ganhos tenham o coeficiente três, ou, como quem diz, é-lhes indispensável auferirem pelo trabalho o tripulo do que recebe qualquer outro. E a prova é a vida mais modesta de todos eles. E a prova está ainda nesse desgraçado sudário que nos apresentam Botas com 83 anos, Sancho quase cego, e Calabaça cego de todo, e sem terem de que viver.


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A humanitária iniciativa de Albino Baptista devem, com filantrópica realização das corridas chamadas de inválidos, o não estenderem a mão à caridade. Mas Albino Baptista, bom e generoso, encetou tão má vontade, tanta relutância da parte dos artistas validos, que… não está para mais segundo diz!

E esses senhores que se julgam, nos seus trajos de gala, o que tem havido mais sublime na arte de tourear, não pensam que, amanhã, uma cornada perdida os pode colher e inutilizar, e então, oh! Então é que será bonito ouvir-lhes histórias sobre a confraternidade artística.

Em Espanha há uma associação (…)

Lisboa Domingo, 3 de Julho de 1910

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A Trincheira

“Caixa de Pensões/ Caixa de Socorros” para os toureiros

Fomos procurados pelo infeliz bandarilheiro Silvestre Calabaça, que uma terrível enfermidade inutilizou para sempre para qualquer trabalho, agradecendo-nos a nossa atitude defendendo a instituição de uma associação de classe, meio único para evitar que os toureiros inválidos meio único para evitar que os toureiros inválidos mendiguem o pão de cada dia estendendo a mão à caridade publica.

Fizemos quanto podíamos neste sentido e não descansamos na tarefa que nos impusemos porque nos causa dor profunda ver artistas como Sancho. Como João Calabaça, como Botas, e tantos outros que tiveram o seu tempo e o seu público, caídos na miséria só porque o seu público, e os anos os impedem de trabalhar.

(…)

7 de Agosto de 1910


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A Trincheira

Temos por muitas vezes, aqui neste lugar procurado mostrar aos artistas tauromáquicos a situação precária e deprimente em que os coloca a sua apatia perante a situação do dia de amanhã. Calculamos bem o transe doloroso desses pobres velhos inúteis, Botas, Sancho e Calabaça, vendo sumir-se-lhes a esperança do relativo repouso no aconchego do lar desguarnecido. (…)

1 de Setembro de 1910

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A Trincheira

Corrida a favor dos toureiros inválidos

Uniram-se no “Clube Recreativo Lisbonense” quase todos os toureiros portugueses para realizar uma corrida de touros a favor dos inválidos.

“Começa a despertar curiosidade no público a corrida a favor dos toureiros inválidos.

18 de Setembro de 1910 pagina 2
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Aficionados: cooperem na festa de hoje, que é em benefício desses pobres velhinhos e tereis praticado mais uma obra de caridade!...

Ajudai tão santa cruzada, e todos vós sereis benditos! ….
Carlos Abreu
(Secretario da Redacção)

6 de Nov. de 1910 – nº 13

Photobucket - Video and Image Hosting“Ir hoje a corrida dos inválidos, é praticar um acto de humanidade, que os bons velhinhos hão-de abençoar.”

A Trincheira” 6 de Nov. 1910 pagina 2

Manuel Botas 1912 com 84 anos

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quarta-feira, julho 05, 2006

Exmo. Sr. Prof. Doutor António C. Rodrigues Presidente da C.M.L

Depois de ter enviado uma segunda carta, de ter efectuado aproximadamente cerca de 20 chamadas para diferentes serviços da C.M.L., recebi, com data de 5 de Julho de 2006, uma carta assinada pela senhora Ana Paula Ribeiro chefe de divisão da Direcção Municipal de Ambiente Urbano autorizando a consulta dos documentos por mim solicitados em 5 de Abril de 2006.

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    "Nos arquivos do cemitério estão os livros que me interessam investigar e que me permitirão outras demandas."

  • No passado dia 5 de Abril do corrente ano enviei a V. Ex.ª a carta anexa. No dia 17 do mesmo mês recebi do Chefe de Gabinete da C.M.L. a carta que igualmente anexo.

    Em 16 de Maio decidi telefonar para o Gabinete do Variador Sérgio Lipar para obter informações acerca da minha solicitação. Neste gabinete, falei com a senhora Fernanda Dias que não encontrou a minha carta. Solicitou o meu número de telemóvel e, alguns dias depois, entrou contacto comigo para me informar que o meu ofício foi remetido para o Gabinete do Senhor Variador António Proa.

    No dia 18 de Maio Falei com a senhora Vera que me informou que o senhor Dr. António Costa Pinto deu parecer e enviou para o Engenheiro Mesquita. A secretária do Engenheiro Mesquita deu-me o “número do protocolo da minha carta: 1596/GVST”.

    A senhora Helena Baptista, com que falei no dia 22 de Maio, disse que a minha carta estava no gabinete da Arquitecta Ana Paula Ribeiro.

    No dia 5 de Junho a senhora Teresa Marques informou-me: “já demos despacho e foi para o gabinete do senhor Variador António Proa”. Aqui, no Gabinete do senhor Vereador António Proa, fui informado, pela senhora Helena, que não tinha chegado nada.

    Tente no senhor Director Municipal, alguém me disse. Talvez O senhor Director de Departamento Engenheiro Carlos Ferreira… No Gabinete da Presidência no dia 12 de Junho miguem atende!


    Senhor Presidente

    Dir-me-á que o que acabo de lhe relatar não pode ter acontecido!? Aconteceu! E não foi só isto que lhe conto que se passou. Não lhe relato tudo o que me aconteceu nesta deambulação pelos serviços da C.M.L. porque tal se tornaria ainda mais enfadonho. De facto, Senhor Presidente o que eu desejo é somente ter acesso aos serviços administrativos da Cemitério do Alto de São João para aí poder continuar a minha investigação.

    Nos arquivos existentes nos serviços administrativos do Cemitério do Alto de São João está tudo o que eu necessito para poder continuar o meu trabalho posterior na Torre do Tombo e na Biblioteca Nacional. Nos arquivos do cemitério estão os livros que me interessam investigar e que me permitirão outras demandas.

    Para não dificultar a decisão de V. Exa. e dos serviços que dirige solicito-lhe somente autorização para consultar e fotocopiar alguns dos registos existentes nos arquivos do Cemitério do Alto de São João relativos às pessoas e/ou familiares das pessoas referenciadas na carta que lhe enderecei em 5 de Abril de 2006.



    Com os meus melhores cumprimentos,



    Porto, 15 de Junho de 2006





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