terça-feira, outubro 03, 2006

Trabalho Projecto



Trabalho Projecto


          O projecto presume um risco que é inerente ao próprio projecto que se alimenta através de uma visão antecipatória, mas também da utopia designadamente quando organizada como estratégia global de uma acção com objectivos definidos.




     O projecto educativo compreende o desenvolvimento de acções de afinamento e capacidade e engenho de acomodação aos contextos e intervenientes: “o projecto não deve arrogar-se o direito de dirigir a totalidade das acções dos seus parceiros não devemos concebê-lo na forma de alienação de cada um em prol do bem de todos, o que vai contra o indivíduo entidade” (Broch, 1992, p., 143-1,63), deverá distinguir e valorizar a multiplicidade de métodos e técnicas, bem como os processos de trabalho que suporta. O projecto educativo é organizar e coordenar, planificar, prever, mas também admitir as interacções, a casualidade, o encoberto e o não esperado, tudo isto num “duplo registo: como um processo e como um produto de uma planificação destinada a orientar a organização o funcionamento de ensino tendo em vista a obtenção de determinados resultados” (Barroso, 1992 pp., 29). É essencial uma constante adaptação pedagógica às finalidades e contextos da acção educativa, isto é, um ajustamento: aos contextos curriculares gerais; à comunidade escolar e social; às disciplinas e nível de ensino; aos programas; aos alunos, grupos e turmas; às condições de trabalho; ao modo de ser do professor e sua experiência.




            O projecto é configurador de um modelo de intencionalidade consubstanciado em “objectivos que sirvam de guia à acção, que permitem orientar o conjunto das funções” (Broch, 1992 ) quer isto significar que se organizará com antecedência uma solução estruturada de um problema cuja a decifração ainda não foi elaborada nem é conhecida a respectiva solução. O acto de projectar é um acto cultural, “porque assenta em princípios valores e políticas que se aplicam na acção educativa e pedagógica com os alunos” (Barroso, 1992, pp., 38). O projecto é um desejo de acção que corresponde a um impulso de mudança, a uma vontade, (várias vontades) de fazer qualquer coisa para inovar, ou simplesmente para resolver problemas, enfrentar situações não desejadas, desenvolvendo adesões mais afectivas do que racionais. Mas o que interessa referenciar é o carácter “sedutor da ideia ou a intenção fundadora do projecto e a atracção pelo movimento que a dinâmica do próprio projecto imprime”, (Barroso, 1992, pp., 29) outras vezes o projecto corresponde a necessidades que são diferentes do simples acto de “fazer qualquer coisa” toma-se um desafio do presente para com vista ao futuro, então, o projecto corresponde a uma necessidade de construir algo de coerente de eficaz e pragmático com diz Barroso.




            Não é fruto da bricolage mas do imaginário de todos e cada um de nós, é resultado da internalização de imagens sedutoras, fortes e mobilizadoras de vontades que se estruturaram e fortalecem na acção renovadora da escola.




            Considero que o projecto, o projecto educativo é conveniente à criança tal como a “planta que cresce e que necessita de um meio favorável e estimulante” (Claparede). É importante que a escola em resultado do seu projecto seja: harmoniosa e coerente com essência e que dê hegemonia à expressão global e criadora em desfavor de aprendizagens incipientes e fragmentárias; uma escola que não considere a sala de aula como único lugar de culto do saber; que não seja somente um guardião do passado, nem um refugio do presente; que forneça instrumentos que ajudem a formar a percepção do presente; que ajude a edificar um novo equilíbrio, conseguido através de um mundo mais afectivo que subsidie e ajude a fruir o tempo de cada coisa; onde o que acontece seja conversado, analisado, discutido e integrado na pedagogia do quotidiano; finalmente que o projecto de escola prepare para a cidadania e solidariedade social.


            Projecto educativo determina alterações qualitativas na escola, com refere Barroso: recupera uma nova legitimidade para a escola pública, participa na definição de uma políptica educativa, globaliza a acção educativa, racionaliza a gestão de recursos, mobiliza e federa esforços, passa do eu ao nós. O projecto é uma caminhada longa, nem sempre fácil, por uma estrada que pode ter diferentes e diversos caminhos para chegar ao seu destino.


Broch, M.H. e Cros, F. (1992) O Projecto de Escola Prisioneiro dos Métodos? Os paradigmas metodológicos ligados ao projecto de Escola in Canário R. (org.) Inovação e Projectos Educativos de Escola, Lisboa, Ed Educa. pp. 143-163


Barroso, J. (1992) Fazer da Escola um Projecto in Canário, R. (1992) Inovação e Projecto Educativo de Escola, Lisboa, Ed. pp. 28-56



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