terça-feira, outubro 03, 2006

Al Biruni





Poucos séculos na história da humanidade podem se orgulhar do nascimento de um desses raros espíritos voltados poderosamente pa­ra o universalismo, que abordam com igual dedicação todas as disci­plinas do saber praticadas no seu tempo e abrem caminhos novos para territórios ainda desconhecidos. Al-Biruni, um dos grandes sá­bios do mundo islâmico, nascido há 1 000 anos, foi um desses espíritos raros.




Astrónomo, matemático, físico, geógrafo, historiador, linguista, far­macólogo, além de filósofo e poeta, Al-Biruni trabalhador prodigio­so apesar dos contratempos sofridos na sua vida - prestou uma contribuição excepcional ao progresso intelectual da humanidade. Espírito científico na acepção moderna da palavra, ele soube analisar, transmitir, ampliar, e mais ainda, integrar todo o conhecimento ela­borado por seus predecessores e por seus contemporâneos, tanto do mundo mediterrâneo como do mundo indo-iraniano. Foi tão grande a sua contribuição que hoje alguns comentaristas o colocam acima do grande Avicena.



Abu I-Rayhan Muhammad ibr Ahmad al-Biruni não foi apenas um grande sábio da Ásia Central, um homem de espírito enciclopédico. As suas obras marca­ram uma etapa na história do pensamento humano, etapa cuja importância cresce, à medida que novas obras vão sendo descobertas. Quando, há uma centena de anos, a sua Cronologia das Nações Antiga foi publicada em russo, Al-Biruni foi recebido apenas como um dos mais interessantes historiadores medievais. Mas com a descoberta e o estudo das suas obras - sobre matemática, geografia astronomia – o seu prestígio foi crescendo a ponto de empanar o brilho de muitos seus contemporâneos.


Foi no século XIX que a Europa descobriu Al-Biruni. Desde então os estudiosos têm verificado que ele estava tão à frente do seu tempo que suas observações arrojadas são às vezes incompreensíveis para muitos eruditos.


Inventor de uma fórmula de impressio­nante simplicidade para calcular a circun­ferência da Terra, ele lançou também a hipótese do movimento da Terra em volta do Sol e formulou a ideia da alternância cíclica das eras geológicas. “Com o pas­sar do tempo o mar será terra e a terra sucederá ao mar”- foi nessa intuição genial que ele baseou sua teoria da for­mação geológica da Terra.


Como não indagar sobre as condições nas quais Al-Biruni pôde dominar de tão alto a sua época e realizar uma obra que fez de seu nome, pelo menos no Oriente, o símbolo do século XI?


O Estado de Corásmia há muito já se orgulhava de possuir uma civilização avançada. Com seus palácios imponentes, suas mesquitas ricamente decoradas, seus inúmeros colégios religiosos (madraças), as cidades gozavam de uma prospe­ridade que progredia ao lado de um res­peito profundo pelas ciências.


Nos séculos X e XI o califado árabe desmantela-se. E sobre suas ruínas se edifi­carão novos Estados que darão à Ásia Cen­tral uma plêiade de grandes pensadores, entre os quais Abu Nasr al-Farabi e Avicena.


É nessa região privilegiada, e mais pre­cisamente em um subúrbio de Kath, capi­tal da Corásmia, que nasce Al-Biruni a 4 de Setembro de 973. “Ignoro a minha ge­nealogia. Não sei quem foi meu avô. Co­mo poderia saber, se nem sei quem foi meu pai?”, dizem uns versos escritos por ele primeiro preceptor do futuro sábio foi um grego que o destino o fez conhecer na infância. Esse homem instruído encarre­gou Al-Biruni de lhe levar plantas, semen­tes e frutos - e assim nasceu sua voca­ção para o estudo da natureza. “A maior parte dos meus dias passou-se sob o signo dos benefícios e das distin­ções cujos degraus eu não parava de su­bir. A família dos Iraque me nutria com o seu leite, enquanto Mansur me educava.” É assim que Al-Biruni fala da etapa seguinte de sua vida. Com efeito, a história guar­dou o nome de um mecenas pertencente à dinastia local, Abu Nasr Mansur ibn-Ali ibn-Iraq, que iniciou Al-Biruni na geome­tria de Euclides e na astronomia de Pto­lomeu.


O nosso sábio em perspectiva já tinha um pé no portal de uma carreira de astrónomo. Ele estudou as estrelas e os mine­rais para penetrar nos segredos do céu e da Terra, e leu milhares de livros para compreender as engrenagens da história. O primeiro mapa-múndi feito na Ásia Cen­tral saiu de suas mãos, mas ele não foi menos hábil na arte da poesia.


Al-Biruni viveu a atmosfera febril dos últimos anos do poderio dos samânidas e foi testemunha da ascensão e da deca­dência dos impérios Qarakanida e Ghaz­navide. Em muitas passagens dos seus livros percebe-se o eco dos conflitos so­ciais, das guerras dinásticas e das incur­sões bárbaras. Assim como as ciências não podem ficar à margem de sua época, muito menos pode a história. Foram tal­vez os estremecimentos políticos de Co­rásmia que, incitando Al-Biruni a buscar no passado a explicação das vicissitudes de seu tempo, deram-lhe a ideia da sua primeira grande obra.


Al-Biruni tinha 27 anos quando termi­nou a Cronologia das Nações Antigas. “O meu objectivo neste livro - escreveu ele naquele fim do século X - é determinar da maneira mais segura a duração das diferentes eras da humanidade.” E ele co­meça a sua pesquisa nas origens, desde a criação do homem até o dilúvio; depois passa a referir todos os factos então conhecidos sobre a época de Nabucodo­nosor e de Alexandre da Macedónia.


Na Cronologia o leitor curioso inicia-se nas subtilezas dos calendários árabe, gre­go, persa etc. A crónica dos soberanos, dos heróis e dos acontecimentos políticos se mistura com descrições da civilização e dos costumes. Como se vê, trata-se de um trabalho semi-histórico e semi-etno­gráfico, que conserva o seu valor ainda hoje.


(…)


Com este número especial, O Correio da Unesco (Agosto 1974) pretende dar a seus leitores um perfil aproximado desse grande humanista que foi Al-Biruni.

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Trabalho Projecto



Trabalho Projecto


          O projecto presume um risco que é inerente ao próprio projecto que se alimenta através de uma visão antecipatória, mas também da utopia designadamente quando organizada como estratégia global de uma acção com objectivos definidos.




     O projecto educativo compreende o desenvolvimento de acções de afinamento e capacidade e engenho de acomodação aos contextos e intervenientes: “o projecto não deve arrogar-se o direito de dirigir a totalidade das acções dos seus parceiros não devemos concebê-lo na forma de alienação de cada um em prol do bem de todos, o que vai contra o indivíduo entidade” (Broch, 1992, p., 143-1,63), deverá distinguir e valorizar a multiplicidade de métodos e técnicas, bem como os processos de trabalho que suporta. O projecto educativo é organizar e coordenar, planificar, prever, mas também admitir as interacções, a casualidade, o encoberto e o não esperado, tudo isto num “duplo registo: como um processo e como um produto de uma planificação destinada a orientar a organização o funcionamento de ensino tendo em vista a obtenção de determinados resultados” (Barroso, 1992 pp., 29). É essencial uma constante adaptação pedagógica às finalidades e contextos da acção educativa, isto é, um ajustamento: aos contextos curriculares gerais; à comunidade escolar e social; às disciplinas e nível de ensino; aos programas; aos alunos, grupos e turmas; às condições de trabalho; ao modo de ser do professor e sua experiência.




            O projecto é configurador de um modelo de intencionalidade consubstanciado em “objectivos que sirvam de guia à acção, que permitem orientar o conjunto das funções” (Broch, 1992 ) quer isto significar que se organizará com antecedência uma solução estruturada de um problema cuja a decifração ainda não foi elaborada nem é conhecida a respectiva solução. O acto de projectar é um acto cultural, “porque assenta em princípios valores e políticas que se aplicam na acção educativa e pedagógica com os alunos” (Barroso, 1992, pp., 38). O projecto é um desejo de acção que corresponde a um impulso de mudança, a uma vontade, (várias vontades) de fazer qualquer coisa para inovar, ou simplesmente para resolver problemas, enfrentar situações não desejadas, desenvolvendo adesões mais afectivas do que racionais. Mas o que interessa referenciar é o carácter “sedutor da ideia ou a intenção fundadora do projecto e a atracção pelo movimento que a dinâmica do próprio projecto imprime”, (Barroso, 1992, pp., 29) outras vezes o projecto corresponde a necessidades que são diferentes do simples acto de “fazer qualquer coisa” toma-se um desafio do presente para com vista ao futuro, então, o projecto corresponde a uma necessidade de construir algo de coerente de eficaz e pragmático com diz Barroso.




            Não é fruto da bricolage mas do imaginário de todos e cada um de nós, é resultado da internalização de imagens sedutoras, fortes e mobilizadoras de vontades que se estruturaram e fortalecem na acção renovadora da escola.




            Considero que o projecto, o projecto educativo é conveniente à criança tal como a “planta que cresce e que necessita de um meio favorável e estimulante” (Claparede). É importante que a escola em resultado do seu projecto seja: harmoniosa e coerente com essência e que dê hegemonia à expressão global e criadora em desfavor de aprendizagens incipientes e fragmentárias; uma escola que não considere a sala de aula como único lugar de culto do saber; que não seja somente um guardião do passado, nem um refugio do presente; que forneça instrumentos que ajudem a formar a percepção do presente; que ajude a edificar um novo equilíbrio, conseguido através de um mundo mais afectivo que subsidie e ajude a fruir o tempo de cada coisa; onde o que acontece seja conversado, analisado, discutido e integrado na pedagogia do quotidiano; finalmente que o projecto de escola prepare para a cidadania e solidariedade social.


            Projecto educativo determina alterações qualitativas na escola, com refere Barroso: recupera uma nova legitimidade para a escola pública, participa na definição de uma políptica educativa, globaliza a acção educativa, racionaliza a gestão de recursos, mobiliza e federa esforços, passa do eu ao nós. O projecto é uma caminhada longa, nem sempre fácil, por uma estrada que pode ter diferentes e diversos caminhos para chegar ao seu destino.


Broch, M.H. e Cros, F. (1992) O Projecto de Escola Prisioneiro dos Métodos? Os paradigmas metodológicos ligados ao projecto de Escola in Canário R. (org.) Inovação e Projectos Educativos de Escola, Lisboa, Ed Educa. pp. 143-163


Barroso, J. (1992) Fazer da Escola um Projecto in Canário, R. (1992) Inovação e Projecto Educativo de Escola, Lisboa, Ed. pp. 28-56



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sábado, setembro 02, 2006

1939: Programa nazista da eutanásia | Calendário Histórico | Deutsche Welle | 31.08.2006

 

Link to 1939: Programa nazista da eutanásia | Calendário Histórico | Deutsche Welle | 31.08.2006

 

A 'solução final' nos campos de concentração nazistas

No dia 1º de setembro de 1939, foi criado o programa da eutanásia pelos nazistas. A "morte misericordiosa" visava a eliminação de doentes incuráveis, idosos senis, deficientes físicos e doentes mentais.

tradutor