"Não é fácil
resistir à melancolia de olhar pela janela e ver o mundo lá fora. Mas a
epidemia vai passar, a História ensinou-nos"
Daniel
Sampaio,
(EXPRESSO, 16.03.2020)
Permítanme asseverar mi firme creencia en que nada
debemos temer sino el miedo en sí.
Franklin Delano
Roosevelt
O medo que tenho, que temos e que nos flagela. O medo que é sempre mais temível quando é difuso, disperso e pouco claro; quando se move livremente, sem vínculos, sem amarras, sem lugares visíveis; quando nos ronda sem emitir sons; quando a ameaça que tememos pode ser provável em qualquer parte; quando é impossível vê-la num lugar concreto. O medo é isso, o nome que atribuímos às nossas incertezas, à nossa ignorância acerca do que se pode ou não pode fazer para a detê-lo ou para combate-lo, sem conseguir acabar com ele quando se nos revela como algo que está para além do nosso alcance. O medo é um sentimento conhecido de todos nós. Na presença de uma ameaça que constitua um perigo para a nossa vida, a nossa resposta oscila entre uma de duas opções: a fuga ou agressão. Nalguns outros casos na agressão e na fuga imediata. Mas o nosso medo ao perigo não depende tanto da dimensão ou da natureza das ameaças reais mas, sobretudo, da ausência de confiança nas defesas que temos disponíveis. A insegurança e a nossa vulnerabilidade são recicladas social e culturalmente, tornam-se rotineiras e são por nós interiorizadas de tal forma que nos permitem adquirir as imprescindíveis capacidades para darmos respostas quando enfrentamos um determinado perigo. Os medos são complexos e variados. Pessoas de categorias sociais, de género e de idade distintas vivem, podem viver, obstinadas por medos relativos à sua pertença e/ou condição. Mas medos existem que todos nós compartilhamos independentemente da zona do planeta em que estejamos ou vivamos: o medo, entre outros, das catástrofes naturais e ambientais[2]. O prometedor, o que nos torna capazes, o que nos determina é a inteligência que em nós se agiganta sempre que temos de enfrentar o medo e nos dá aptidões de vermos para além dele, do medo. Para estes medos não existem fármaco nem é provável que se produza algum tão rápido quanto ambicionaríamos. Estão neste caso, entre outras, aquelas que exaustivamente a história social das doenças nos narra, nos narras de tal forma que a sua própria referência funciona como agente contaminante: as doenças infetocontagiosas.
Por
medo dos pardais,
Não se deixa de
semear cereais.
Provérbio popular
Antes
do covid-19, - que, nos últimos meses, nos tem perturbado, martirizado e vitimado -, a humanidade já experimentou outros acontecimentos semelhantes. Regresso ao passado, ao seu ventre, para ajudar a expulsar do seu útero o seu passado histórico
tão repleto de factos e em que a vida do
homem é como uma vela acesa ao vento.
Regresso ao passado: o que a história nos
ensinou (?!)
O conceito de Idade
Media não foi, não é ainda nos nossos dias, universalmente aceite por todos os
historiadores. São distintas as considerações e subdivisões concetuais construídas
por distintos investigadores e historiadores. “O conceito de Idade Média
generalizou-se no século XVIII - quase sempre em sentido pejorativo - para
transformar-se, no século XIX, num topo
fixo da periodização histórica”[3]. Não
é, no entanto, esta discussão que (me) importa, nem sou, tão pouco, a pessoa
mais indicada para discutir os postulados, conclusões e/ou métodos usados pelo investigadores
e historiadores para sustentar uma ideia e/ou refutar outra. Todas estas
divisões e compartimentações encerram, porém, algumas insuficiências e
arbitrariedades históricas. O percurso telegráfico que aqui se fará não tem uma
sequência cronológica, i.e. o tempo das coisas não é estudado nas suas divisões
sequenciais com o objetivo de distinguir a ordem de ocorrência dos factos. Não é
esta a preocupação que norteou este texto. O que se pretende é regressar ao
passado, - a alguns acontecimentos marcantes da história da humanidade -, e, apoiado
pela história, pela literatura e por outras investigações disciplinares que
sobre estes acontecimentos refletiram, tecer algumas apreciações relacionadas
com as doenças que atingiram a humanidade, sobretudo nas que ocorreram na
designada idade média. A história, e
a literatura são fundamentais para percebermos o que se passa, mas não nos permite
comparar situações e contextos distintos. As comparações são de uma forma geral
enganosas. O reservatório da experiência
que a história e a literatura nos fornecem devem ser considerados e compreendidos.
Ambicionar relacionar
situações que se desenvolveram em contextos diferentes seria um erro.
Comparações que se revelariam, por isso, falaciosas. O (meu) objetivo é percorrer o reservatório de experiências e com ele
procurar entender melhor, ou de forma distinta, o nosso presente. Para ser mais
claro: investigaram-se aqueles textos que, explícita ou implicitamente, contribuem
para a compreensão e relação entre um determinado passado e um presente em
transmutação. A perceção da relação entre
passado e futuro alterou-se, de forma evidente, também, na sequência das
gerações históricas que foram emergindo.
Neste texto o antes e o depois constituem o horizonte de sentido desta
narrativa[4].
Idade Media e a peste negra
As primeiras e mais
funestas epidemias na Europa apareceram[5],
propagaram-se[6],
tornaram-se endémicas[7],
passaram a epidémicas[8]
e, por fim, transformaram-se em pandemia.[9]
Aconteceram em lugares diferentes do globo em fins do século XII ou início do
século XIII. As doenças mais funestas que emergiram no continente europeu, neste
período, foram a lepra, a sífilis e a varíola. A peste negra[10]
seria a maior afronta às gentes do século seguinte. Importa, por isso,
compreender a importância da peste negra
epidemia que se manifestou no século VI, retornou um pouco antes de 1350 e
permaneceu doença infeciosa até depois de 1650.[11] A
peste negra era transmitida através
de ratos infetados. A impossibilidade de se combater a peste negra e a maioria de outras doenças infetocontagiosas levou a
que durante um longo período de tempo, se considerasse um castigo divino imputando-se, por isso, a, entidades sobrenaturais
de natureza maléfica (diabo, lúcifer: o primeiro de todos os demónios) o aparecimento
dessas doenças. Os demónios e os espíritos maus eram os responsáveis pelas
enfermidades, mas as principais razões, para outros, concentravam-se nas impurezas do ar e das emanações pestilentas, expelidas pelos corpos em
decomposição, das substâncias fedorentas, assim como, das águas estagnadas e
nauseabundas que, nas ruas, no burgo e nas cidades pululavam. Estas convicções
não se contraditavam mas complementavam-se. Não seriam, provavelmente, as únicas
razões justificáveis para a emergência dessas doenças, muitas outras existiram,
mas essas atribuições, construídas antes da descoberta da microbiologia,
centravam-se em elementos que eram, de facto, nocivos para à saúde, e que
surgiam em ambientes insalubres e pantanosos, a partir de matérias putrefactas
e de elementos em processo de decomposição. A crença de que a doença e a sujidade estão relacionadas permitiu antever a
necessidade de cuidar da limpeza para se conseguir preservar a saúde, cuja finalidade
principal era afugentar a morte. A morte e a doença tornada possível na vida[12].
A
bactéria da peste negra, entre outras,
demonstrou ao mundo a presença de um
outro mundo, quase invisível, que, somente com os avanços das ciências e das
tecnologias médicas, os microscópios vieram a permitir observar.
Os ratos eram os
principais transmissores dessa doença infeciosa, designada por peste negra. A designação de “peste negra” e a “magia negra” estavam relacionadas com a cor preta/negra. Esta cor
tinha uma conotação pejorativa no Ocidente. A ligação do preto/negro à peste e à magia não era alheia a perceção construída e difundida acerca das pessoas
escravizadas de origem africana (os negros). Afirmava-se, assim, como um preconceito
pejorativo acerca das pessoas negras escravizadas[13].
A peste negra manifestou-se de duas formas:
bubónica e pneumónica. A primeira caracterizava-se por inchaços, ou ínguas, nas
axilas ou virilhas, levando a pessoa infetada à morte até do final ao sexto dia
de infeção, aproximadamente. A pneumónica era transmitida de pessoa a pessoa, levando os infetados à
morte até ao terceiro dia de infeção[14]. A
bubónica tinha uma letalidade (relação entre os atingidos pela doença e os que
dela morriam) de 60% a 80%. A peste pneumónica tinha uma letalidade de 100%[15]. É
necessário relembrar que durante centenas de anos as doenças contagiosas, as
chamadas pestilências, originaram
mais vítimas que os principais conflitos armados. Por toda a Europa terão
morrido milhões de pessoas, embora seja difícil saber os números reais de tal
mortandade.
A peste negra, o “mal de que Deus nos livre como noutros tempo se designava, entre outras
epidemias, originaram dificuldades financeiras e um declínio populacional que
afetou as relações entre camponeses, proprietários rurais e as comunidades em
geral. As perseguições fizeram-se sentir durante os tempos em que a peste negra se manifestou.
Responsabilizar alguém era imprescindível para justificar os males que devastam
as comunidades: os judeus eram os “principais
responsaveis pela transmissão da doença” e, por isso, foram, mais uma vez,
perseguidos e massacrados em nome da fé e de grupos religiosos fanáticos que
espicaçavam as populações contra os judeus. O efeito da peste negra sobre a sociedade foi tumultuoso e complexo, contribuiu
para o aumento da violência contra os judeus e outros “profanadores” de um qualquer preceito religioso e motivou
muitas revoltas. Hoje sabemos, um saber da ciência feito, que antes da
erradicação de um novo vírus, um agente infecioso, o contágio acontece, de uma
forma geral, através do contacto com as excreções das vias respiratórias, das
lesões da pele de pacientes, ou através de os objetos recém-contaminados.
A peste negra era democrática, igualitária e
universal alcançava indiferentemente todos. Contrariando alguma
(des)informação disseminada de que a má nutrição era a causa principal do contágio da peste negra aferiu-se que os ricos e os pobres, corpos bem e mal nutridos,
eram igualmente contagiados pela peste. O que distinguia um rico de um pobre,
neste caso, não eram as suas díspares desigualdades sociais. A diferença principal,
entre eles, estava no simples facto de se estar ou não mais exposto ao
contágio. Grupos como os médicos, padres, coveiros, entre outros profissionais,
eram os mais afetados. As regiões agrícolas, constituída por pessoas mais
dispersas territorialmente, eram mais poupadas que as gentes das cidades. À
medida que: crescia a distância social
entre as pessoas; as mesmas se afastavam-se dos locais tocados pela peste negra; alterando as suas rotinas e
hábitos, típicos da vida da cidade, ampliando as possibilidades de não serem
contaminadas. Foi o que fizeram, por exemplo, com os personagens do Decameron,
de Giovanni Boccaccio[16],
que abandonaram Florença e foram viver isolados nos arredores da cidade
enquanto a peste lesava os concidadãos que não tinham recursos[17].
A peste negra foi a maior tragédia
demográfica da história ocidental: num intervalo de tempo bem menor, matou, em
termos absolutos, mais do que a Primeira Grande Guerra Mundial e, em termos
relativos, considerando-se a população europeia nos dois momentos, mais do que a
Segunda Guerra Mundial[18].
A peste negra “atingiu Portugal, com
uma regularidade média de sete a oito anos. Existem testemunhos de surtos em
1356, 1361-1363, 1365, 1374, 1383-1385,1389, 1400,1415, 1423, 1429, 1432-1433,
1437-1441, 1448-1453, 1456-1458, 1464, 1466, 1468, 1469, 1472, 1477-1478, 1480,
1497”[19].
A partir do final da
Idade Média e das audaciosas expedições portuguesas, encorajadas e orientadas
pelo Infante D. Henrique, iniciou-se a exploração europeia. Após a tomada de
Ceuta (1415), os portugueses foram os pioneiros de uma série de viagens ao
longo da costa africana ocidental. O êxito comercial dessas viagens, graças à
importação de especiarias pela Europa, acelerou seu desenvolvimento;
esperava-se alcançar as especiarias de melhor qualidade da Índia e incentivar o
lucrativo comércio com os árabes. Foi o começo de uma era: a expansão
portuguesa e europeia[20].
.
A expansão portuguesa
provocou choques violentos nas estruturas sociais, económicas, culturais,
políticas e demográficas, entre outras, também pela manifestação de novas moléstias.
Com a chegada dos navegadores portugueses às quentes terras de África e dos Brasis, onde enfermidades desconhecidas os aguardavam, em especial bactérias e parasitas
dos mais variados. Os marinheiros eram porto de abrigo de organismos que deles
obtinham alimento e, não raro, lhes causava dano. Do mesmo modo, os navegadores
e outros que de maneira ilegal ou maldosa, auferiam lucros e vantagens à custa
de outros, arrastavam com eles vírus e bactérias que foram causa de imensas
mortandades nas gentes nativas. Os navegadores, os marinheiros e aventureiros
portugueses, entre outros, fizeram import-export
de várias enfermidades. Com o transporte de pessoas escravizadas de origem africana
(negros) dispersaram, ainda mais, outras doenças. As malhas que o império tece introduziram com ele em 1521 uma
moléstia infeciosa que ataca um grande número de indivíduos e, entre eles, o
próprio rei D. Manuel I[21].
Nos hospitais o “fizico”, os cirurgiões e a botica bem abastecida não
conseguiam dar resposta às imprevisíveis doenças. O desconhecimento e a
ignorância, as limitações do saber médico acerca de muitas destas novas doenças
aumentarem o receio da sua propagação no reino. Só a experiência do saber feito
viria a criar soluções provisórias para as inesperadas doenças. Provisórias
porque, como sabemos hoje, somente com as descobertas científicas (ex: da
penicilina em 1929, pelo médico bacteriologista inglês Alexandre Fleming) foi
possível, mais tarde, combater alguns, destes grandes pesadelos da humanidade,
através da comercialização de antibióticos em grande quantidade.
Durante
aproximadamente 450 anos a sífilis reinou em toda a Europa. Terá “sido trazida
em 1492 do Novo Mundo pelos homens de Colombo para a Europa”[22].
Com o advento das doenças tropicais, D. João II decidiu que:
“nenhuma
nau passasse o Restelo sem autorização prévia. (...) sob pena de perda da mercadoria e navio, sendo açoitados os mestres
que tal demanda não respeitassem. Se existissem doentes a bordo a nau ficava em ´periodo de
impedimento` na embucadura do rio até os doentes terem melhorado”.
Este
período foi no século XVII fixado em quarenta dias e passou como tal a ser designado por quarentena[23].
Prescrições
semelhantes já tinham sido antes seguidas pelas autoridades portuárias
mediterrâneas de Marseilles, Veneza, Pisa e Génova. Na primeira metade do século XV, foi construído
o primeiro lazaretto ou casa especialmente destinada à contenção e
observação médica de pessoas estrangeiras portadoras de lepra e peste. Neste estabelecimento, para observação sanitária,
as pessoas eram colocadas de quarentena
sempre que se atestasse que eram portadoras de moléstias contagiosas. É
interessante constatar que a República de Veneza estabeleceu o primeiro quadro
de saúde, em 1458, formado por três nobres com o objetivo de investigar e decidir qual o melhor procedimento a adotar para preservar a saúde pública na
cidade. Os regulamentos italianos e as leis de quarentena serviram de modelo para outros estados[24]
.
Contágio da sífilis: as vítimas
transformam-se em culpados
Em França no século
XV, as medidas adotadas contra os parisienses
sifilíticos eram a segregação: guetos constituídos por barracas deploráveis
fora da muralha de Paris. As entidades responsáveis pela saúde de Paris haviam admitido como solução, a menos dispendiosa e a mais adequada, o
encaminhamento dessas pessoas portadores de sífilis para uma leprosaria. Ora, o
leproso “era visto, na sociedade medieval com um misto de repulsa e de
compaixão visto, como considerava a Igreja Católica, terem sido concebidos em
período proibido às relações sexuais, nomeadamente durante o período menstrual,
esta impureza física e moral marginalizava-os”.[25]
Mas, mesmo marginalizados, de imediato, os leprosos rejeitavam a
possibilidade de pessoas com sífilis serem remetidas para as leprosarias. Esta
pretensão fracassou por causa da oposição das próprias pessoas leprosas:
amotinaram-se e recusarem tal companhia. Igualmente os estrangeiros chegados a
Paris e que presumidamente sofressem de sífilis eram imediatamente forçados a sair
da cidade em 24 horas. Eram-lhes oferecidos quatre ecus
para que regressassem à origem. O desrespeito desta ordem era severamente penalizado com pena de morte. Mas por muito duras que fossem as prescrições, muitos eram
os estrangeiros que desobedeciam. Novas leis foram decididas, ordenando que, sempre que se achasse um estrangeiro sifilítico,
o mesmo fosse afogado no Sena. Paris, que se mantinha fiel à teoria do ar alterado, impedia as pessoas doentes
de conversar ou contactar com as pessoas sãs. As prostitutas deveriam abster-se
da prática da prostituição, sob pena de serem marcadas com um ferro em brasa e
depois banidas[26].
As mulheres que mercadejavam o corpo tinham os seus bairros prostibulares na cidade de Lisboa. As autoridades eclesiásticas sempre cautelosas e em nome dos bons costumes e a da moralidade cristã decretaram no sínodo de 1307, a sentença de excomunhão contra aqueles que alugassem casas às meretrizes de Lisboa. Uma medida repressiva e excludente que contribuiu para o aparecimento dos ditos bairros. Abandonadas, algumas destas mulheres, vagueavam de tabernas em taberna, de albergaria em albergaria, por caminhos e por feiras com a fragrância da miséria e do abandono. A sua presença contribuía para a emergência de furtos, brigas, desacatos, conflitos físicos e para a disseminação de algumas das doenças que pululavam por toda a cidade. Para além da deficiente higiene pessoal abundavam as rixas, os duelos e, consequentemente, os ferimentos eram frequentes e alguns mortais.[27]
Eram as relações sexuais a principal fonte principal do
contágio da sífilis eram as relações sexuais. Mas o aparecimento da doença em
“algunos religiosos y dõzellas y criaturas y honestísimas personas” indica que o
contágio “no solamente se apega por canal ayuntamento: pero por dormir en una
misma ropa e beber con el mismo vaso” previamente utilizado por sifilíticos. A
transmissão da doença faz-se de uma
pessoa a outra, por contacto direto
ou indireto, por isso, já nesta altura, se aconselhava a lavagem cuidadosa e imediata sempre que
alguém tivesse contacto ou “ayuntamento
com mujer”. Se o fizer, no dizer clínico, “ nunca padecerá la semejante
enfermedad”.[28]
Lavar as mãos antes e depois das
refeições era aconselhado.[29] Mas
estas indicações contrastavam com a escassez de higiene e de saneamento público
das cidades, das vilas, das aldeias, das ruas, dos becos e, sobretudo, das
próprias habitações. Os odores proliferavam e eram desagradáveis. O bom senso
privado [deveria] conjugar-se com o interesse geral[30].
Muitos crentes tinham
a convicção, como já foi referido, de que as epidemias provinham dos maus
cheiros que provocavam a corrupção dos ares e das águas, sendo as esterqueiras
os focos da putrefação. Era normal lançar nos poços, fontes ou chafarizes,
coisas sujas e fedorentas: roupa, coiros ou peles, besta mortas, cães ou outros
animais. “Proibia-se que nas praças ou ruas públicas se lancem testeiradas de
lixo ou d´água, bem como que alguém o fizesse da janela para a rua sem primeiro
dizer três vezes “água vai”, isto é, despejavam-se,
entre outas coisas, os bacios para as ruas[31].
O crescimento das cidades associado às condições de vida medieval que se
caracterizava, entre outros, pela escassez de estruturas de saneamento básico, em
que os dejetos corriam a “céu aberto”, e a pavimentação das ruas era praticamente inexistente, facilitavam mais imundície, maus cheiros e,
naturalmente, o aparecimento de imensas enfermidades.
A cólera, a sífilis,
a peste, a lepra, entre outras doenças, eram contagiosas e de um a outro se pega e eram estigmatizantes. As pessoas que de um
destes males padecesse eram obrigadas a possuir marcas distintivas de forma a
poder prevenir quem com eles se cruzasse e, se assim pretendesse, escapar-se
para sua proteção. Tempos existiram em que a prostituição passou de clandestina
a regulamentada, que compreendia a tributação e atribuição a estas mulheres de
lugares bem delimitados, as mancebias
(casa de prostitutas; bordel, prostíbulo)[32]. As
desigualdades sociais e económicas existiam, também, entre as prostitutas.
Algumas desfrutavam de um compensador nível de vida e alguma consideração
social por serem instaladas por conta de clérigos, nobres ou respeitáveis
cidadãos. Estas, não usavam as mesmas vestimentas que eram impostas a outras
prostitutas. Estas tinham de usar vestimentas diferentes das usadas pelas mulheres de família. Usavam véus bem açafroados (cor de açafrão)
para se distinguirem das mulheres honestas, as mulheres de honra. A segregação
e o estigma que se manifestava, igualmente, no uso das roupas, no reinado de D.
Afonso IV, estendiam-se aos judeus que deveriam usar uma marca amarela no chapéu bem visível, para puderem ser
identificados como tal. Viviam nas judiarias dentro das muralhas da cidade. Os
mouros eram igualmente forçados a usarem trajes que permitissem a sua
identificação, pelo que, deveriam incluir um sinal
branco no barrete. Os mouros viviam nas mourarias, nome que recebiam os
bairros onde os cristãos os obrigavam a viver. Judeus e mouros eram marginalizados, sobretudo, por causa das suas opções culturais às quais não renunciavam. A noção
de pureza e impureza, as práticas
alimentares, os modos de vestir, entre outros, estabeleciam as maiores
diferenças entre mouros, judeus e cristãos. Embora não vivessem numa situação
de absoluta exclusão social os mouros e os judeus habitavam em mourarias e
judiarias com portas guardadas que se abriam com o alvorecer e fechavam ao
anoitecer. Os sinos das igrejas da cidade de Lisboa davam o toque das ave-marias [33] ou
da Trindades[34]
ao cair da noite, o que implicava o recolher obrigatório, igualmente para os
cristãos. Os médicos judeus tinham normas específicas podendo, por isso,
deslocar-se a qualquer hora para atenderem doentes[35].
A cidade de Lisboa estava demasiado fechada nas cercadas muralhas, por portas,
arcos, passadiços, escadas e postigos, agravando-se o mal, por estas e outras
razões, devido a problemas de escassez e ao número excessivo de indigentes que
deambulavam pelas ruas. No Rossio e área norte da cidade, existiriam aproximadamente
15 portas: a porta da mouraria, a porta do sol, a porta do Martim Moniz, a
porta de Santana, a porta de Santo Antão, entre outras[36].
Era, pois, num contexto
demasiado fechado, o que
não impedia, porém, o aparecimento das doenças infetocontagiosas que se estendiam a
todos os grupos etários do clero, da nobreza e do povo. Emergiu o medo e o
alarme, a dor no seio das famílias afetadas pela doença, sobretudo entre os
pobres e os mais debilitados; arregimentou, igualmente, as multidões contra as minorias,
estigmatizadas por fundamentalismos morais ou religiosos; consolidou o papel de
líderes religiosos, enfraqueceu o prestígio de envelhecidas teorias médicas e permitiu
a emergência de sistemas doutrinas rivais; criou novas dinâmicas nos governos e
aparelhos da administração pública no combate à doença e o aparecimento de uma
"polícia médica" em alguns países[37].
Mas estes julgamentos
de natureza moral acerca das classes sociais mais desfavorecidas não batiam
certo com a realidade, já que as doenças atingiam todos e todas as grandes figuras da
sua época: “Carlos VII (1422 - (1461),
Luís XII (rei francês 1462-1515), Francisco I (monarca austríaco 1708-1765), e
Henrique III de França (1574-1589). O
imperador Carlos V (1500-1558), Henrique VIII de Inglaterra (1491-1547), seu
filho Eduardo VI (1547-1553) e sua filha Maria Tudor (rainha inglesa
(1516-1558), os Papas Alexandre VI (1492)
e Júlio II (1503) e até Filipe II de
Espanha e, I de Portugal (1581-1598), não lhe escapou”[38].
Em julho de 1415, a
Rainha Dona Filipa de Lencastre, após ter entregado as espadas aos infantes,
seus filhos, em vésperas destes partirem para Ceuta, conforme narra Zuara nas
Crónicas da Tomada de Ceuta, (Cap. 41) morrerá um mês depois, em 18 de Julho de
1415, vítima da peste negra[39]. Resumindo: os julgamentos apressados contra as
classes sociais mais desfavorecidas que acusavam as vítimas de serem responsáveis pela sua própria condição eram fruto
da imaginação criativa das classes sociais mais abastadas. A realidade era
diferente: nenhuma classe social escapava a estas pestilências.
A
peste negra para além dos registos
supramencionados ficou, igualmente ligada a outros importantíssimos
acontecimentos da história de Portugal: em Lisboa, o líder da revolta popular -
a revolução de 1383[40]
-, que se revelou, ser D. João, Mestre da Ordem Militar de Avis, filho bastardo
do rei D. Pedro I, aguentou um duro cerco de Lisboa que acabou por correr mal
ao rei de Castela, pois se viu obrigado a retirar as suas tropas depois de o seu
exército ter sido atacado pela peste[41].
Outro acontecimento relacionado com a peste
negra, verificou-se no reinado de D. Duarte, na fracassada expedição a
Tânger, em que este morre, em 1438, vítima de peste[42].
A
Europa e o renascimento.
Resta saber se as
doenças infetocontagiosas terão sido uma causa ou um simples fator de aceleração
de mudanças inevitáveis. Estas doenças transportaram consigo grande mudança nas
mentalidades, nos sistemas de saúde pública, nas economias, nas políticas, nos
modos de vida, nas técnicas e tecnologias, na literatura e na cultura em geral,
entre muitas outras transformações. Estas doenças elevaram as taxas de
mortalidade e contribuíram para alterarem nas populações a perceção quanto à
proximidade da morte. As mortes provocaram um grande choque nos que
sobreviveram. Se a privação inesperada de um ente querido abalou a fé e as
práticas cristãs de muitas pessoas, trouxe igualmente consigo um renovado
fervor religioso e um maior entendimento das omissões e dos pecados cometidos.
A busca da salvação transmutou-se com os acontecimentos.
Ora este período, que
conheceu tanta infelicidade e revelação
profética relacionada com cataclismo em que as forças do mal vencem as
forças do bem. Este apocalipse viu, também, nascer e florescer o humanismo e o desabrochar
do Renascimento. Mas o Renascimento, como outras épocas históricas, foi um
período complexo, contraditório, de transição e cheio de paradoxos. Ao mesmo
tempo medieval e moderno, cristão e pagão, secular e sagrado, ciência e
religião, o período foi, assim, um “simultâneo equilíbrio e síntese de muitos opostos"[43].
A idade Média foi o ventre que ajudou a expulsar do seu útero o
Renascimento. A peste negra[44]
gerou Decameron[45],
Masaccio[46],
o primeiro grande pintor do Renascimento italiano. Brunelleschi[47], o arquiteto genial que concluiria, em 1434 a cúpula, de Santa Maria del Fiore. A encantadora Ca' d'Oro de Veneza data da primeira metade
do século XV. O retábulo do Cordeiro Místico, a maravilha de Gand, foi
pintado por Van Eyck, pintor flamengo, entre
1413 e 1432. O século XV é a idade de Ouro da pintura flamenga. Quem admirar na
Hofburg de Viena[48]
os sumptuosos paramentos sacerdotais, utilizados no século XV na corte de
Borgonha, para as cerimónias da ordem do Tosão de Ouro[49], interroga-se
como tanta riqueza pode coexistir com tanta miséria[50]. Aparece, ainda,
o hospital, como casa de acolhimento de doentes, surgida já nos finais da
Idade Média, inícios dos tempos modernos. Esta instituição hospitalar, para
receber doentes infetados, era designada gafarias
ou leprosarias, criadas pelos reis ou pelos municípios, devido aos
repetidos surtos de peste. Já no último quartel do século XV, surgiram os
hospitais para pestilentos[51]
Ao relembrar, neste
texto, a virulência da peste negra e
outros flagelos que mataram um número expressivo de pessoas, desejo contribuir
para a necessária reflexão e, consequente, compreensão da existência humana
quando atingida por trauma epidémico, o Covid-19. Uma maldição em constante
transmutação. As epidemias e as quarentenas deixam as cidades repletas de
fantasmas que alojam o silêncio e a ausência da vida pública. Nestes espaços despejados
pela maldição, resta apenas o silêncio de um Deus que persiste em existir. Esta difícil experiência social difícil, como sequela trágica de um acontecimento epidémico,
transfigura em solidão a nossa (própria) existência. Da tríade: “covid-19”,
“isolamento social”, distanciamento social, resulta, para alguns de nós, uma
quarta variável: a morte.
Como ficou
demonstrado a peste negra, a sífilis, entre outras doenças infetocontagiosas,
provocaram violências, a marginalização e ações estigmatizantes dos poderes instituídos.
Mas podem suscitar, também, mesmo em “prisão
domiciliária”, um pretexto para o desenvolvimento dos valores humanos e ampliar
a (nossa) compaixão (para os religiosos), a (nossa) solidariedade em tempos de cólera, em tempos difíceis. A
solidariedade com e para todos e todas as pessoas e profissionais que lutam no
(nosso) SNS, colocando em risco a sua própria vida, para salvarem a minha, a tua
a nossa vida. É um texto que se propõe contribuir, também para a necessária
reflexão das presentes e futuras políticas de saúde pública e à tensão existente
entre liberdade e proteção do indivíduo;
é um texto que interroga: o ventre que
ajudará a expulsar do seu útero o futuro. Que futuro?
[1] Citado por Bauman, 2008,
p. 9)
[2] Cf. Bauman, 2008
[3] Koselleck, 1979 , p. 271
[4] Cf. Koselleck, 1979 , p.
15
[5] Os vírus são
microorganismos compostos por proteínas e material genético que atingem
diversos organismos e estão em toda a parte, são os organismos mais abundantes
no nosso planeta, mas nem todos causam prejuízos ao ser humano. Alguns de nós
adquirimo-los por contacto com um animal infetado ou através dos seus dejetos.
[6] As infeções
víricas podem-se propagar-se por meio de um agente portador (ar, um inseto…) ou
de maneira direta mediante o contacto físico com alguma pessoa infetada. O
vírus como o da gripe afeta o sistema respiratório propaga-se através da tosse
e dos espirros e pode contagiar pessoas que estão a cerca de um metro de
distancia. Pode ser transmitido num transporte público e alastrar-se a uma
grande cidade e começar uma enorme viagem.
[7] Infeções, como a
varicela ou a malária, podem aparecer de forma recorrente num pais ou numa região e, com mais força, em determinadas épocas, durante anos e anos. São epidemias quando afetam uma quantidade controlada de pessoas numa região concreta durante
períodos prolongados (país ou regiões).
[8] Fala-se em
epidemia quando o número de infetados por doenças infeciosas aumenta de
maneira repentina muito para além do que é normal. Podem ser consequência do clima ou
de desastres naturais e só se estabelecendo um limite de deteção em função do
número de novas infeções por habitante.
[9] Falamos de
pandemia quando uma epidemia afeta ao mesmo tempo pessoas que habitam em
lugares muito distantes umas das outras e sem se ter desenvolvidos algum tipo
de imunidades, nem tratamentos. Nestes casos tornam-se necessários a vigilância e a
informação e comunicação permanentes entre os governos e os organismos
internacionais de saúde, para determinarem a evolução da infeção. Em alguns casos, fecham-se localidades inteiras, suspendem-se voos internacionais fecham-se
fronteiras e tomam-se medidas mais drásticas que podem incluir a do estado de
emergência. A Organização Mundial da Saúde criou um regulamento Sanitário
Internacional e normativos subscritos por 196 países, que estabelecem a
possibilidade de declarar emergência em saúde pública e/ou ações internacionais
coordenadas.
[10]
Giovanni Boccaccio (1348 e 1353). O livro é uma
história que contém 100 contos narrados por um grupo de sete moças e três
rapazes que se abrigam numa vila isolada de Florença para fugir da peste negra,
que afligia a cidade.
[11] Cf. Loyn, 1990
[12] Foucault, 1977, p. 117
[13] Silva & Silva, 2009, p. 313
[14] Ibidem
[15] Júnior, 2001, 2ª ed., p. 36
[16]A peste negra
como tema literário:
- Francesco Petrarca (1304 - 1374)
contemporâneo e amigo de Boccaccio narrou nas suas epístolas familiares
(Epistulae metricae) episódios da sua vida e, entre eles, a tragédia de sua
mulher amada, Laura, quando encontrou o seu cadáver na madrugada de l 6 de
abril de 1348 vítima da Peste negra.
- Albert Camus nasceu em Mondovi,
Argélia em 7 de novembro de 1913. Era um franco-argelino.
Argélia
era desde 1832 uma colónia Francesa. A
Peste é una novela que o autor começou a escrever entre os 28 e 29 anos quando se
radicou na cidade argelina de Orán, que é o local onde se desenrola a epidemia
e que dá título a sua obra. A novela tem um conteúdo médico, sabiamente
intercalado no texto para criar a necessária tensão no leitor; cada página
incluiu uma novidade. Mas o que atrai a atenção do historiador de medicina é a
exata descrição clínica da enfermidade epidémica, verdadeira história clínica
relatada por um escritor não médico (Cf.
Larrosa, 2005).
[17] Júnior, 2001, 2ª ed., p. 26
[18] Cf. Júnior, 2001, 2ª ed., p. 37
[19] Rodrigues, 2008, p. 114/115
[20] Sousa , 2013, p. 157
[21] Sousa , 2013, p. 213
[22] Sousa , 2013, p. 157
[23] Ibidem
[25] Oliveira, 2015, p. 171
[26] Cf. Sousa , 2013, p. 234/35
[27] Cf. oliveira, 2015, p. 198
[28] Cf. Sousa , 2013, p. 238
[29] Oliveira, 2015, p. 158)
[30] Cf. Ariès & Duby, 1990, p. 589
[31] Cf. Oliveira, 2015
[32] Ibidem, 2015, p. 196
[33] O conjunto de
três badaladas dadas pelo sino de uma igreja, para convocar os fiéis à oração da
ave-maria; ângulos: oração, em latim, de saudação e prece à Virgem Maria e que
se reza ao amanhecer, ao meio-dia e ao anoitecer. Oração que se inicia pelas
palavras ave e Maria
[34] Dogma católico
que proclama a união de três pessoas distintas, Pai, Filho e Espírito Santo,
formando um só Deus; o mistério da Santíssima Trindade.
[35] Cf. Oliveira,
2015, p. 209
[36] Cf. Coelho, 2006)
[37] Cf. Santos L. A., 1994
[38] Sousa , 2013, p. 246
[39] Cf. Almeida, Brochado, & Dinis, 1960, p. 152; Cf. Rodrigues, 2008, p. 114/115
[40] Cf.Coelho A. B., 1981
[41] Dias & Ferreira, 2016, p. 38
[42] Dias & Ferreira, 2016, p. 42
[43] Cf.Rosa, 2012, p. 332
[44] As epidemias
são, ainda, responsáveis indiretas por muitos avanços. A partir de
diversas epidemias emergiram medidas no domínio da saúde, entre outras, e que
mudaram os nossos hábitos e costumes. Comportamentos e instituições que fazem
parte da nossa vida quotidiana sem sabermos, muitas vezes, as suas origens. Os asilos foram criados para
contender a lepra na Idade Média. Eram os sacerdotes que organizavam estes
espaços, fiscalizados e inspecionados para isolarem os doentes e evitarem a
propagação dos contágios. Este tipo de de espaços também foi usado para albergar
mendigos e vagabundos. A quarentena criou-se para preservar a distância social
e organizar territorialmente as populações para enfrentarem a peste negra no século
XIV, obrigando, por isso, os poderes instituídos
a colocarem vigilantes nas ruas, inspetores nos bairros e autoridade
administrativas nas cidades, que velavam pelo cumprimento das medidas adotadas.
Por etapas e em distintos períodos a estas responsabilidades foram-se
acrescentando outras e assim surgiu o que é hoje conhecido como autoridades policiais. As vacinas: a varíola (doença
contagiosa aguda (oficialmente declarada extinta do planeta na década de 1970) matava muitas das pessoas contagiadas e durante a
conquista da América dizimou uma grande parte da população. Graças a Edward Jenner e Louis Pasteur, que examinaram cientificamente as práticas
antes usadas e as transformaram em vacinas. A aplicação generalizada das
vacinas veio poupar milhares de vidas humanas. Os inseticidas. Muitas
doenças transmitidas pelos mosquitos provocavam a malária e o dengue. Em 1939, Paul Muller, que descobriu as propriedades do DDT para acabar com os mosquitos
transmissores da doença, contribuiu, assim, para a luta que se travou conta a
epidemia do tifo. Mas os efeitos nocivos do DDT para a saúde e do meio ambiente
levou à sua retirada, sendo hoje usado em situações muito reduzidas. Os
Cemitérios: na Europa sepultavam-se os mortos dentro das igrejas ou perto
desses templos causando, por isso, o aparecimento de doenças e epidemias. A
construção de cemitérios aparece no seguimento destes acontecimentos com
regulamentos sanitários mais restritos de forma a evitar qualquer doença. As
pandemias contribuíram para a necessária reflexão das condições de vida dos povos
e para a aparecimento de leis e usos que contribuem para que as nossas vidas
sejam mais seguras.
[45] Escrita entre
1348 e 1353, esta obra é considerada como a obra-prima de Giovanni Boccaccio.
[46] Importante
pintor florentino (1401-1428) dos inícios do Renascimento.
[47] Filippo Brunelleschi - Arquiteto
e escultor italiano (1377-1446), celebrizou-se na construção de cúpulas. Foi um
dos primeiros arquitetos italianos do Renascimento. Conhecia a fundo os métodos
romanos de edificação e divulgou várias soluções arquitetónicas que fizeram
escola e foram fundamentais na arquitetura renascentista.
[48] O Hofburg,
ou Palácio Imperial de Hofburg, é
um grandioso palácio em Viena, Áustria. Tem as suas origens num castelo fortaleza medieval, datado do século XIII.
[49] Tosão de Ouro
- Ordem de cavalaria, instituída na França pelo rei Filipe, o Bom
(1396-1467), por ocasião do seu casamento com D. Isabel de Portugal, filha de
D. João I, 1357-1433.
[51] Cf. Azevedo, 2000
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