domingo, novembro 11, 2007

Uma pesquisa (Im) Profícua


 

Assim que chego à Biblioteca Nacional (B.N.) entrego no respectivo balcão (algumas) as requisições de leitura com a menção dos documentos que pretendo pesquisar, em seguida dirijo-me ao bar da biblioteca para comer qualquer coisa. Acontece sempre isto nos dias em que venho directamente do Porto para a B.N. para trabalhar. Sempre que saiu do Porto às nove horas da manhã chego á B.N. por volta das 14 horas. Este dia, não foi por isso, diferente dos demais. Tinha chegado de uma aborrecida e longa viagem com inicio na velha e mui nobre cidade do Porto.

Nos restantes dias chego à B.N. por volta das 9,30, 10 horas e inicio de imediato o meu trabalho de pesquisa.


 

Confirmei as cotas dos livros que foram deixados na minha mesa de trabalho, normalmente (sempre!) a I 16.


 

As encadernações estavam muito danificadas. As encadernações continham colecções de jornais do ano de 1870.


 

Tenho um prazer desconcertante na leitura destes jornais. Por vezes, dou por mim a ler coisas que nada tem a ver com o meu objecto de investigação. Tenho que me auto-disciplinar constantemente, porque constantemente me indisciplino. E que boa é esta indisciplina.


 

O resultado da pesquisa, deste dia, mostrava-se muito produtivo. Os volumes que estavam na minha mesa e que já tinham sido pesquisados, tinham algumas marcas de papel que me permitiam localizar muitas das suas páginas que me interessavam para serem fotocopiadas.


 

Estava satisfeito! Um dia de trabalho, que normalmente se prolonga por cinco horas, com resultados muito satisfatórios. Por volta das seis horas da tarde perguntei a uma das funcionárias de apoio à sala se poderia deixar as marcas nos respectivos livros. Informei-a que no dia seguinte estaria novamente na biblioteca. Chegaria por volta das 9,30 horas para reiniciar o meu trabalho. Fique descansado! Os livros à manhã estarão aqui à sua espera com as respectivas marcações, disse-me. Que bom, pensei, poderei aproveitar para continuar a pesquisar os livros que me faltam e amanhã logo que chegue tirarei as fotocópias das páginas marcadas.


 

Sai da biblioteca, depois de certa de cinco horas de trabalho, satisfeito. Dias existem que nada encontro. Já me acontecer estar oito horas na B.N. e nada encontrar de significativamente relevante para o meu objecto de estudo. Este era um bom dia, com excelentes resultados para o meu trabalho de investigação.


 

No dia seguinte chegue cedo à biblioteca. Talvez fosse nove horas, nove e meia. Não sei. Sei que era cedo. Entregue as requisições de leitura, com as mesmas cotas do dia anterior. Qual é o meu espanto, quando verifico que os livros estavam sem as marcas que eu lhes havia deixado. Com era possível? O que aconteceu? Quem retirou as minhas marcas? Cinco horas de trabalho perdidas. Reclamei…

Iniciei tudo de novo.

tradutor